Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, retirou a tarifa de 40% sobre a importação de alguns produtos brasileiros nesta quinta-feira (20). A lista divulgada pelo governo americano inclui café, chá, frutas tropicais, sucos, cacau, especiarias, banana, laranja e carne bovina.
Mesmo com o anúncio, o setor cafeeiro ainda está cauteloso. Arnaldo Botrel, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e vice-presidente da Faemg, comentou a reação inicial da bolsa de café.
“Bastante cedo ainda pra gente ter uma definição dessas questões. Haja visto até que sem explicação nenhuma e por uma coincidência que a gente ainda não tem como relatar ainda muito cedo, a bolsa de hoje de café amanheceu com quase 2 mil pontos de baixa, então o que deveria ser ao contrário, 100% ao contrário, nesse primeiro momento aconteceu que a bolsa baixou, mas nós esperamos que isso vai reverter sem sombra de dúvida. Isso é um ganho para nós produtores, claro, se a coisa correr na normalidade, se o mercado entender, se as especulações pararem de interferir no mercado, que é muita especulação, mas os Estados Unidos importam do Brasil, em torno de 8 a 10 milhões de sacas de café. Isso com tarifas já estaria prejudicando. Mas a questão é o seguinte, o que está ocorrendo fora as especulações, que eu acabei de falar e repito, são muito preliminares, é que tudo indica que o café volta a ter os preços dos patamares normais, acima de R$ 2.300,00 por aí, até mais, por que não? Porque a facilidade é muito maior, tanto para o exportador quanto para o exportador, qualquer um deles que for pagar as tarifas, agora não tem mais, era 50%, baixou para 40% e agora é zero. Então essa é a nossa interpretação que isso vai normalizar e melhorar para o Brasil, melhorar inclusive também principalmente para os produtores de café,” disse.
Para o presidente do Centro de Comércio do Café de Minas Gerais, Ricardo Schneider, a medida deve voltar a aquecer o setor. “A cafeicultura brasileira
recebeu com alívio a notícia do fim das tarifas dos EUA. Acreditamos que o livre comércio é fundamental para trabalhar de forma eficiente e remunerando o produtor de forma justa, com um dos mercados mais importantes para nosso café”.
O cafeicultor e presidente da Cooperativa dos Produtores de Café Especial dos Martins, Guido Reguim Filho, avaliou positivamente o impacto da medida. “A queda da tarifa americana sobre o café brasileiro é um acontecimento muito importante para a cafeicultura. Na realidade, os Estados Unidos é nosso principal cliente, para onde a gente manda uma boa parte dos nossos cafés e com a tarifa isso estava atrapalhando um pouco os negócios. Com certeza agora com a isenção da tarifa o mercado volta a normalizar e nós continuamos a vender nossos cafés para os Estados Unidos. Isso vai fazer com que o mercado trabalhe melhor e com mais consistência e que nós podemos exportar nossos cafés para os Estados Unidos com qualidade de produção, qualidade de bebida e também um café muito sustentável. Isso é importante, a queda da tarifa só vem agregar ao nosso país.”
Na ordem executiva, o presidente americano afirma que a decisão foi tomada após uma conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as questões identificadas no Decreto Executivo 14.323”.
Essas negociações ainda estão em andamento.