Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Edith Cowan, na Austrália, revelou que apenas cinco minutos diários de exercícios simples, feitos com o peso do próprio corpo, já são suficientes para trazer benefícios à saúde física e mental de pessoas sedentárias. Publicado na revista European Journal of Applied Physiology, o estudo avaliou 22 adultos entre 32 e 69 anos, que não praticavam atividade física regularmente.
Durante quatro semanas, os participantes realizaram exercícios excêntricos — movimentos em que o músculo é alongado sob tensão, como no momento do agachamento ou na fase de retorno de uma flexão de braço contra a parede.
A rotina incluía dez repetições de exercícios simples, como agachamento com apoio em cadeira e flexões adaptadas, tudo sem a necessidade de equipamentos ou ida à academia. Ao final do período, os pesquisadores chegaram a conclusão de que as melhorias significativas em força muscular, foram: flexibilidade, resistência e também a saúde mental dos voluntários.
O estudo reforça também, que mesmo pequenas doses de movimento podem ter impacto relevante e funcionar como ponto de partida para uma rotina mais ativa.
“Com pouco tempo de atividade, é possível obter bons resultados. Essa é uma boa forma de estimular quem ainda não se exercita a começar”, destaca Everton Crivoi do Carmo, professor de educação física do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Apesar das limitações — como a curta duração do estudo e a ausência de um grupo de controle —, os resultados indicam que a prática regular, mesmo que breve, pode ajudar a quebrar o sedentarismo. Para Crivoi, esse tipo de protocolo, conhecido como exercise snack, facilita a adesão e pode ser distribuído ao longo do dia, tornando a atividade física mais acessível.
Músculos e mente ativados com poucos minutos
O tipo de exercício também fez diferença, conforme o médico de esporte Fabrício Buzatto, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo. Seggundo ele, os movimentos excêntricos, utilizados no estudo, são altamente eficazes para ativar as contrações musculares.
“Eles estimulam o disparo neuronal, promovem atividades metabólicas e favorecem a liberação de neurotransmissores como a adrenalina”, explica. Especialistas ressaltam que, embora os cinco minutos iniciais já tragam ganhos, o ideal é que a prática evolua com o tempo. “Para atingir benefícios cardiovasculares, metabólicos e funcionais mais amplos, é necessário aumentar progressivamente o volume e a intensidade da atividade”, afirma Crivoi.
Segundo ele, a boa notícia, é que mais tempo nem sempre significa mais eficácia. “A chave está na qualidade e na intenção do exercício. Cinco minutos bem executados podem fazer muita diferença para quem está começando.”
