Os remédios podem aliviar uma dor ou resolver um problema de saúde. No entanto, devem ser usados com rigor, cautela e atenção às interações medicamentosas. O alerta é da assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Amouni Mourad.
De acordo com a farmacêutica, as interações podem alterar o efeito esperado do medicamento, de forma a aumentar ou reduzir a ação. Em alguns casos, essa interação pode causar reações adversas graves, hemorragias, crises hipertensivas, ou falência de órgãos.
“Muito medicamento cancela o efeito do outro. O problema do medicamento com álcool: alguns podem gerar alguma situação muito mais complicada, outros podem simplesmente atrasar o efeito do remédio. Então, a gente tem que estar muito atento”, explicou Mourad à Itatiaia.
Os alimentos também podem influenciar a atuação dos medicamentos. A relação mais emblemática é a do álcool com o antibiótico. Apesar de não cortar o efeito do remédio, o álcool pode piorar efeitos colaterais e a resposta imune. Além disso, conforme a farmacêutica, alguns antibióticos podem gerar reação grave como uma consequência da interação com o álcool.
Com isso, Amouni Mourad recomenda que o álcool seja evitado “por segurança” e para “não atrasar a recuperação”. Em geral, a farmacêutica explicou que bebidas também interagem com medicamentos para pressão, sono ou dor e aumento o risco de desmaios, quedas e intoxicações.
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Veja outras interações:
- Leite e antibióticos (tetraciclina; doxiciclina ou fluoroquinolonas): reduzem o efeito do antibiótico.
- Vitamina C em excesso e vitamina B12: a vitamina C pode inativar a B12.
Exemplos comuns de interações perigosas
- Anti-histamínicos com antiácidos: antiácidos contendo alumínio ou magnésio reduzem a absorção de anti-histamínicos como a fexofenadina.
- Ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios: aumentam o risco de sangramento gastrointestinal, especialmente em uso concomitante com corticosteroides ou anticoagulantes.
- Antibióticos como rifampicina / rifabutina e anticoncepcionais orais: reduzem a eficácia do anticoncepcional, podendo levar à gravidez indesejada.
- Ácido acetilsalicílico (AAS) em casos de dengue: pode provocar hemorragias graves e até a morte.
- Laxantes de uso contínuo: causam desidratação, alterações metabólicas e dependência.
- Antiácidos e dor de estômago: podem mascarar sintomas de doenças graves, como úlceras, tumores ou até infarto, ao aliviar temporariamente a dor e retardar o diagnóstico.
- Vitaminas em excesso: podem causar intoxicações, como hipertensão craniana em crianças por excesso de vitamina A.
- Erva de São João com sinvastatina: reduz a eficácia do medicamento para colesterol.
- Valeriana e sedativos: potencializam a depressão do sistema nervoso central, levando à sonolência intensa ou confusão mental.
- Antibióticos como a eritromicina e medicamentos para hipertensão (como nifedipina): podem causar queda brusca da pressão arterial.