Ouvindo...

Estudos mostram que comer mais vegetais pode ajudar a prevenir o câncer de mama

Pesquisas reforçam a importância de frutas, hortaliças, grãos e feijões para a saúde; veja como incluí-los na rotina

Estudos associam consumo de vegetais a menor risco de câncer de mama

Dados das Pesquisas de Orçamento Familiar (POF), feitas nas últimas décadas pelo governo brasileiro, mostram que os brasileiros ainda comem poucas frutas e hortaliças no dia a dia — menos do que o recomendado por diretrizes de saúde. Isso acende um alerta, especialmente diante do crescente número de estudos que confirmam os benefícios desses alimentos, assim como os de grãos, castanhas e leguminosas, como feijão, lentilha e grão-de-bico.

Um desses estudos, publicado em abril na revista Journal of Health, Population and Nutrition, encontrou uma relação direta entre uma alimentação rica em vegetais e a redução no risco de câncer de mama. A pesquisa foi feita no Irã com base em questionários sobre hábitos alimentares respondidos por 398 mulheres.

Outro artigo, uma revisão sistemática feita a partir de dezenas de estudos, foi publicado na Health Science Reports e reforça que seguir um plano alimentar inspirado na Dieta Mediterrânea também pode ajudar a afastar o câncer de mama.

Para a nutricionista Bárbara Valença Caralli Leoncio, do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, esses dois trabalhos reforçam o que a ciência já vem mostrando há algum tempo. “Mas são necessários mais estudos para confirmar o impacto em diferentes populações”, pontua a nutricionista.

Mesmo com variações, a Dieta Mediterrânea costuma incluir uma boa diversidade de vegetais, peixes, laticínios magros, pouca carne vermelha e azeite de oliva. Além disso, esse estilo de vida valoriza atividades físicas ao ar livre, descanso, convivência social e boas noites de sono. “Para a redução do risco do câncer, vários aspectos devem ser considerados, não dá para isolar apenas a dieta”, diz Bárbara Leoncio.

Ela destaca ainda que nem toda dieta vegetariana é necessariamente saudável. “Há quem exclua a carne e coloque em seu lugar generosas porções de alimentos ricos em carboidratos, sem necessariamente incluir mais vegetais”, explica.

Produtos com selo plant-based, por exemplo, podem conter quantidades elevadas de gordura, sal e aditivos. Por isso, é essencial olhar com atenção os rótulos, principalmente a lista de ingredientes, que aparece em ordem decrescente — ou seja, o que está em maior quantidade vem primeiro. A dica é escolher produtos com uma lista mais curta e ingredientes conhecidos.

O que colocar no prato

De acordo com os estudos, o ideal é dar preferência aos vegetais frescos. Eles são ricos em nutrientes como vitaminas, minerais, fibras e substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias, como os compostos fenólicos e carotenoides.

Esses elementos atuam juntos e se potencializam. “Entre as estratégias de prevenção recomendadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) está o consumo rotineiro de alimentos de origem vegetal”, destaca Bárbara.

O Inca também orienta evitar embutidos — como salsicha, linguiça, salame, presunto e peito de peru — e reduzir ao máximo os produtos ultraprocessados, que são ricos em sódio, açúcar, gorduras e aditivos químicos. Entre os exemplos estão refrigerantes, macarrão instantâneo, lasanhas prontas, salgadinhos e biscoitos recheados.

Dicas práticas para o dia a dia

Mesmo que pareça difícil mudar a alimentação, algumas estratégias podem facilitar, e trazer grandes benefícios. “A primeira atitude para comer de forma equilibrada é planejar”, orienta a nutricionista do Einstein.

Escolher um dia mais calmo da semana para preparar e congelar as refeições ajuda bastante. Incluir a família na rotina — desde a lista de compras até o preparo e a limpeza, também torna o processo mais leve e participativo.

Outra dica é apostar na sazonalidade dos alimentos. “Os alimentos da época costumam ser mais saborosos, nutritivos e mais fáceis de ser encontrados no mercado”, observa Bárbara.

Na hora do preparo, atenção ao ponto de cozimento dos legumes: o ideal é que fiquem al dente, com uma textura mais firme. “Cozidos no tempo certo, eles ficam crocantes”, comenta.

Para quem leva marmita, o truque é deixar os vegetais separados do arroz e feijão, para não perderem a textura. Temperar bem também faz diferença — alho, cebola, limão, ervas frescas e especiarias elevam o sabor dos pratos.

Molhos variados podem deixar a salada mais interessante. Usar iogurte, mostarda, mel ou vinagres especiais pode dar um toque novo à refeição.

Alternar os tipos de hortaliças ajuda a fugir da rotina e abrir o paladar. Elas podem ser incluídas em tortas, risotos, lasanhas, pizzas, no arroz ou no macarrão. O importante é experimentar novas formas de preparo até descobrir as combinações que mais agradam ao seu paladar.

* Com informações da Agência Einstein
* Sob supervisão de Enzo Menezes

Leia também

Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas