Estudos que associavam o uso de enxaguante bucal com o desenvolvimento de tipos agressivos de câncer de boca viralizaram nas redes sociais nos últimos dias. Agora, a dúvida que fica é: isso é verdade?
A Itatiaia entrou em contato com dois professores que dão aulas em faculdades de odontologia, que desmentiram este fato.
“As pesquisas atuais não confirmam essa relação direta entre uso de enxaguante bucal com álcool e o câncer de boca. Existem estudos que levantam essa possibilidade, mas o risco seria significativo apenas em caso de uso excessivo combinado com o tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas”, explicou o cirurgião-dentista André Náufel, professor do curso de odontologia da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh).
“Até o momento, não há comprovação científica robusta que associe diretamente o uso de enxaguantes bucais ao desenvolvimento de câncer. Algumas pesquisas antigas levantaram a hipótese [...] no entanto, esses estudos apresentaram diversas falhas metodológicas, principalmente por não isolarem fatores de risco bem estabelecidos como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Revisões científicas mais recentes não sustentam essa relação de causa e efeito”, disse o professor do curso de odontologia da Una Aimorés, Victor Drumond.
Usar enxaguante bucal em excesso faz mal?
Segundo os especialistas, usar além do indicado pelo rótulo pode, sim, causar problemas. É possível que cause algum tipo de irritação na mucosa, desequilíbrio na flora bacteriana natural da bca, ressecamento da mucosa oral, alterações no paladar e irritação em tecidos sensíveis.
Caso seja usado conforme o indicado pelo dentista, o enxaguante bucal previne problemas como mau hálito e gengivite, além de alcançar áreas que normalmente a escova e o fio dental não alcançam, segundo Náufel.
Ele não substitui a escovação nem o uso do fio dental, mas combinado com esses dois ele oferece benefícios como: redução da carga bacteriana; prevenção e controle de gengivites; auxílio no controle do mau hálito; potencial remineralizante (em produtos com flúor) e sensação de frescor e limpeza após a escovação.
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Qual é o melhor enxaguante bucal?
A escolha de um enxaguante bucal depende da necessidade de cada um, segundo os especialistas. Segundo Drumond, as necessidades funcionam da seguinte forma:
- Enxaguantes com clorexidina são utilizados em situações específicas, como inflamações gengivais severas, doenças periodontais ou no pós-operatório. Devem ser usados por períodos curtos;
- Enxaguantes com flúor são eficazes na prevenção de cáries;
- Enxaguantes sem álcool são ideais para uso diário, especialmente para quem possui mucosas sensíveis, xerostomia (boca seca), ou intolerância ao ardor causado pelo álcool. Oferecem ação
- antisséptica suave, sem agredir os tecidos orais.
Vale lembrar que o enxaguante não substitui a escovação e ingeri-lo não é saudável, podendo causar irritação no estômago, náuseas, alterações gastrointestinais e intoxicação grave em crianças.
Mitos
Veja alguns mitos sobre enxaguantes bucais, segundo o professor Victor Drumond:
Enxaguante clareia os dentes - mito: Eles não possuem ação clareadora real;
Quanto mais usar, melhor - mito: O excesso pode causar efeitos adversos;
Enxaguante com álcool é mais eficaz - mito. O álcool pode irritar as mucosas e não é o principal agente terapêutico;
Enxaguante é indicado para qualquer pessoa - mito. Deve ser indicado conforme o caso clinico.
Lembre-se: busque sempre ajuda profissional sobre esses produtos.