Quase 300 mil brasileiros já morreram de doenças do coração só este ano, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Cerca de metade desses casos são de infartos. E uma estatística recente mostra que não é algo que acontece só com homens mais velhos, como se pensava. Entre 1990 e 2019, as mortes por infarto de mulheres jovens, que têm entre 15 e 49 anos, subiram 62% no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Para o médico cardiologista, Marcos Bolívar, o aumento do estresse e da obesidade são alguns dos motivos para esta elevação. “No Brasil são mil mortes por infarto por dia. Quase a metade dessas mortes ocorrem em mulheres. O infarto ocorre quando uma artéria do coração sofre um entupimento, as chamadas artérias coronárias. Trinta por cento dos infartos já levam a morte súbita, ou seja, não dá tempo que a pessoa nem chegue ao hospital. Uma doença que hoje nós conhecemos bem, pode ser prevenida ou postergada, mas que ainda mata muito, sendo a primeira causa de morte no Brasil e no mundo, no passado era considerada uma doença dos homens, hoje já atinge bastante as mulheres”, alerta
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Segundo o cardiologista, a mulher atual tem o comportamento diferente da mulher do passado. “Ela está submetida ao estresse do trabalho, cuida da casa, cuida dos filhos, mas também ela está sujeita às alterações dos chamados fatores de risco. A somatória desses fatores, colesterol, hipertensão, diabetes, obesidade, estresse, tabagismo, é a resultante da lesão, do entupimento das artérias do coração, as coronárias que levam ao infarto. Há também na mulher uma condição especial, espasmos e outras alterações próprias da mulher, pode ocorrer no homem, mas com muito mais frequência na mulher, que também levam à obstrução do fluxo das coronárias”, detalha.
Prevenção
A prevenção é a maior arma da medicina e podemos prevenir o infarto. “É muito comum que a mulher previna outras doenças o câncer, ela vai ao ginecologista, ela faz o exame ginecológico, ela faz o exame da mama, temendo o câncer. Para cada pessoa que morre de qualquer tipo de câncer, morrem duas pessoas do coração, ou seja, a morte cardíaca é muito mais prevalente, muito mais presente e incidente do que o próprio câncer. Então, o check-up da mulher é muito importante. Por volta dos 30 anos, a mulher já deve iniciar o seu check-up. Se há uma história muito rica de doença cardíaca na família, se há casos de pai ou mãe que tiveram infarto, esse check-up deve começar até mais cedo. E, acima de tudo, observa”.
O médico chama atenção para a importância do controle de fatores de risco como colesterol, hipertensão e diabetes. E uma condição especial, as mulheres que usam anticoncepcional. “Nós sabemos que o anticoncepcional também aumenta a possibilidade de problemas de colesterol. E, por fim, um alerta muito especial. Hoje, muitas mulheres e homens tomando os hormônios. Nós vemos uma quantidade muito grande de homens tomando testosterona e agora as mulheres também tomando testosterona para ganho muscular, para definição de força. A testosterona, ela é também um fator trombogênico, um fator que aumenta a chance de doença cardíaca e de lesões cardíacas, muitas vezes irreversíveis. A reposição de hormônios, o excesso de suplementos pode também trazer malefícios”, destaca o médico cardiologista, Marcos Bolívar