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Pai de menina com espectro autista reclama de falta de neurologistas em postos da região nordeste de BH

Há um ano, bairros Goiânia B, São Marcos e Silveira estão sem profissionais desta especialidade

Ricardo Wanderlei de Almeida não consegue atendimento para o filho

Há quase um ano, Ricardo Wanderlei de Almeida, 49 anos, está em uma busca incessante por neurologistas em postos de saúde da região nordeste de Belo Horizonte. Ele conta que a filha, Luisa Maria de Almeida, de 4 anos, é autista não verbal nível 3 e que, após o afastamento da única profissional da área que a atendia no bairro São Marcos, por questões de saúde, a rotina da família mudou drasticamente.

Luísa faz uso regular de Risperidona para conter crises de irritabilidade e levar uma vida mais confortável. Por ser um medicamento tarja preta, a compra só pode ser feita com prescrição médica e receita especial.

Durante este período sem atendimento neurológico, a família recorreu a psicólogos e pediatras que mantiveram a dose recomendada pela última neurologista que acompanhou Luísa. Apesar da ajuda destes profissionais, o autônomo teme que haja um atraso no desenvolvimento da filha. “Precisamos que uma neuro acompanhe a Luisa e continue receitando o Risperidona. Ela não pode ficar sem acompanhamento de jeito nenhum”, lamenta. Segundo Ricardo, nos postos de saúde dos bairros Goiânia B, São Marcos e Silveira não há profissionais desta especialidade.

A importância do acompanhamento neuropediátrico

Diferente da Síndrome de Down - que é identificada precocemente por meio de exame genético, o autismo costuma ser diagnosticado apenas quando a família do paciente investiga a condição e procura atendimento especializado.

Para Natália Costa, mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Diretora do Censa Betim, instituição referência em atendimento a pessoas com deficiência intelectual na vida adulta e autismo, o acompanhamento multiprofissional com psicólogos, pediatras, neuropediatras e fonoaudiólogos é fundamental.

Costa explica que estes profissionais são capacitados para identificar mudanças comportamentais e adequar o tratamento a cada tipo de paciente. Ela alerta que, caso a família de Luísa não consiga o atendimento neuropediátrico, a menina pode perder janelas do desenvolvimento. “Sem um neuropediatra a equipe fica muito deficitária. O neuropediatra precisa falar com a neuropsicóloga, precisa conversar com terapeuta ocupacional, com fisioterapeuta. A equipe trabalha em prol dessa criança”, explica.

Resposta da Prefeitura de Belo Horizonte

A Prefeitura de Belo Horizonte esclarece que a neuropediatria faz parte da atenção especializada. Logo, estes profissionais não são lotados em centros de saúde.
Segundo a PBH, os centros de saúde Goiânia e Gentil Gomes contam com pediatras e psicólogos. Já o centro de saúde São Marcos está com a contratação de pediatra autorizada.

“Cabe informar que o cuidado à pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é disponibilizado em todos os pontos da rede SUS-BH. Essa assistência é realizada de forma integral e singularizada a partir de projetos terapêuticos articulados com as políticas de educação, assistência social, esportes e lazer. Em situações de crise ou urgência em saúde mental, os usuários são acompanhados pelos Centros de Referência em Saúde Mental adulto ou infanto juvenil, que ofertam cuidado intensivo através de equipes multidisciplinares, nas modalidades de permanência dia, hospitalidade noturna e ambulatorial”, explica a PBH.

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Jornalista formada pela PUC Minas. Já trabalhou no Jornal Marco, na Assessoria de Comunicação da Receita Federal e na Record TV Minas. Atualmente, é repórter multimídia na Itatiaia.