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UFMG recruta voluntários para criar IA que traduz libras nos serviços de saúde

O projeto inovador é financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em parceria com a startup SignumWeb, de Belo Horizonte

A expectativa é que a ferramenta seja disponibilizada nos serviços de saúde, principalmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está recrutando voluntários para participar do projeto “Captar-Libras”, que visa desenvolver uma tecnologia para facilitar a tradução da Língua Brasileira de Sinais (Libras) por meio da Inteligência Artificial (IA) no sistema de saúde.

O projeto recebe financiamento da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em parceria com a startup SignumWeb, de Belo Horizonte, que oferece uma plataforma de videoconferência acessível para surdos.

A pesquisa é liderada pelo professor do Dep. de Ciência da Computação da UFMG, Mario Fernando Montenegro Campos, do Laboratório de Visão Computacional e Robótica (VerLab).

A meta é selecionar aproximadamente 200 voluntários, preferencialmente com domínio de Libras, especialmente surdos-natos ou que adquiriram a condição muito novos.

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O objetivo é desenvolver um “avatar fotorrealístico” que sinaliza e traduz Libras, de forma autônoma e biderecional. Em entrevista à Itatiaia, o professor da UFMG destaca que o “personagem” não se trata de um “cartoon”, mas de uma figura humana.

A expectativa é que a ferramenta seja disponibilizada amplamente nos serviços de saúde, principalmente em atendimentos primários no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Inovação

O projeto tem abordagem inovadora ao utilizar a IA para tradução bidirecional em tempo real, permitindo uma comunicação eficaz entre profissionais de saúde e pacientes surdos.

“O paciente surdo sinaliza e, em tempo real, o sistema traduz em texto/voz para o profissional de saúde. No outro sentido, o sistema recebe o texto/voz do profissional e gera o vídeo de um avatar sinalizando em Libras”, descreve Mario Campos.

O projeto Captar-Libras teve início em julho de 2021 e, desde então, vem trabalhando no desenvolvimento de tecnologias avançadas, como Visão Computacional e IA, para tornar a tradução de Libras mais acessível no ambiente de saúde.

De acordo com o professor Mario Campos, especialista em Robótica e Visão Computacional, o avanço das tecnologias de Inteligência Artificial nos últimos anos contribuíram substancialmente para a pesquisa.

“Todo o processo de aquisição e processamento dos vídeos capturados dependem de algoritmos avançados de Visão Computacional. Os desenvolvimentos recentes das técnicas de Aprendizado de Máquina vem contribuindo de forma relevante para o desenvolvimento deste sistema”, disse.

O professor, no entanto, destaca que a Visão Computacional e o Aprendizado de Máquina são subáreas da IA. Ou seja, são áreas específicas de estudo dentro da Inteligência Artificial.

As técnicas do projeto da UFMG incluem detecção automática de pose e movimento, rastreando pontos-chave da face e das mãos para treinamento de modelos de Aprendizado de Máquina (machine learning).

Os voluntários desempenham um papel crucial na pesquisa, contribuindo para a criação do conjunto de dados usado no treinamento dos modelos de inteligência artificial.

Seleção

Sueli Pereira, voluntária do projeto, participa das gravações no Laboratório de Visão Computacional e Robótica do DCC-UFMG

Os voluntários terão um papel ativo na gravação de vídeos para o treinamento e desenvolvimento da IA. A participação será de forma presencial, no Campus Pampulha da UFMG.

A inscrição ocorre por meio do site Dep. de Ciência Da Computação (DCC) da UFMG, clique aqui para acessar o formulário.

A previsão é que os candidatos selecionados devem gastar cerca de duas horas por semana, divididas em até três dias. Os gastos com transporte serão ressarcidos pela UFMG até o valor de R$ 75.

O projeto Captar-Libras destaca a importância da diversidade nas gravações para aprimorar a tecnologia de tradução, promovendo a inclusão social e melhorando a qualidade de vida da comunidade surda.

Como vai funcionar a atuação dos voluntários?

  • Os interessados em participar devem informar as datas disponíveis para as gravações;
  • Recomenda-se chegar com antecedência de 15 minutos;
  • Preenchimento de um formulário com informações importantes para organizar e otimizar as atividades do projeto;
  • Concordância com os termos de consentimento e participação voluntária no projeto;
  • As gravações ocorrerão no Laboratório de Visão Computacional e Robótica (VeRLab), no Campus Pampulha da UFMG.
  • Os voluntários vão sinalizar frases relacionadas ao atendimento médico, pré-definidas pelo projeto;
  • Reembolso de até R$ 75 para gastos relacionados ao transporte;

Desafios

Segundo Mario Campos, o Labotarório aborda desafios na área de Linguística e da Ciência da Computação para desenvolver o projeto.

“O domínio geral de sinais em Libras é bastante amplo e pode ser ainda maior se considerarmos as variações regionais para um mesmo vocábulo”, explicou o professor.

A ferramenta de IA busca integrar movimentos de mãos, braços, cabeça e expressões faciais na tradução de Libras; além de produzir com fidelidade movimentos complexos na tradução para o português.

Os desafios computacionais incluem o reconhecimento dos sinais, independente das características individuais de cada usuário do sistema.

Expansão

O lançamento da nova ferramenta ocorre após a conclusão do desenvolvimento e treinamento dos modelos de IA, sem um prazo específico.

O produto estará em constante aprimoramento visando o aumento da qualidade dos resultados produzidos pelo sistema.

“Por se tratar de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que aborda um problema de grande complexidade, várias questões precisam ser trabalhadas antes que o sistema possa ser disponibilizado como produto”, explicou Mario Campos.

Por meio do projeto da VerLab, a UFMG espera colaborar com diversos serviços de saúde, promovendo a inclusão da população surda em diferentes contextos sociais.

O projeto Captar-Libras destaca o compromisso de disponibilizar os resultados da forma mais ampla possível com o licenciamento pela UFMG da tecnologia desenvolvida.

O professor Mario Campos enxerga potencial para expandir a aplicação da tecnologia em outros setores.

“O potencial da tecnologia em desenvolvimento é muito grande e, em princípio, poderia ser aplicada em outros segmentos até mesmo da saúde. A experiência certamente contribuirá para a sua aplicação em outros setores da sociedade”, ressaltou o professor Mario Campos.

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Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.