Primeiramente, nunca tivemos tantas versões de nós mesmos. Uma no espelho do banheiro, outra na câmera frontal e várias nos filtros do Instagram. Algumas com a pele mais lisa, outras mais luminosas, mas quase todas distantes do reflexo cru que encontramos ao acordar.
No meio disso tudo, surge uma pergunta um tanto quanto incômoda: quando foi que o feed começou a ter mais peso do que o espelho?
O feed como nova régua de valor
Fato é que a relação entre
Quando a comparação se torna parte da rotina, o feed deixa de ser entretenimento e vira métrica. Assim, cada curtida se transforma em uma espécie de métrica de valor pessoal e cada selfie em termômetro de aceitação.
As redes sociais criam um ambiente em que a autoimagem e a
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Quando os filtros se tornam o novo padrão
O uso excessivo de filtros vai muito além da estética e de transformar a aparência, ele altera a nossa percepção de nós mesmos. A exposição prolongada a versões editadas do próprio rosto pode reduzir consideravelmente a autoestima, podendo gerar insatisfações até com características naturais.
Uma pesquisa da
A linha tênue entre expressão e dependência
Isso não significa que as redes sociais sejam vilãs. Elas também funcionam como um espaço de expressão, pertencimento e criação de comunidade. O problema começa quando passamos a preferir a versão editada de nós mesmos e começamos a nos comparar com um reflexo que nunca existiu.
A autoestima , então, deixa de ser uma construção interna e se torna dependente de algoritmos e curtidas.
Para sair desse ciclo, talvez seja preciso resgatar um olhar não mediado: valorizar o corpo que existe fora das telas, cultivar momentos que não precisam ser postados e lembrar que nenhuma métrica digital define o nosso valor.
Entre o real e o editado, a escolha mais importante talvez seja reconectar-se com aquilo que não precisa de filtro: a nossa presença, nossas experiências, nossa identidade fora da performance online.