Os senadores brasileiros que integram a missão oficial do Senado aos Estados Unidos realizaram, neste sábado (26), a primeira reunião presencial em Washington. O encontro marcou o início da articulação para tentar reverter ou adiar o tarifaço de até 50% anunciado pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros - com entrada em vigor prevista para o dia 1º de agosto.
Participaram da reunião os senadores Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL). A delegação será completada neste domingo (27), com a chegada de Carlos Viana (Podemos-MG), Jaques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE). A missão foi aprovada por unanimidade no Senado e é liderada por Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE).
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“Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil”, afirmou Nelsinho Trad. “Precisamos mostrar que o Brasil não é parte do problema, mas da solução”, reforçou Teresa Cristina. A comitiva deve se reunir com congressistas norte-americanos, empresários e representantes do setor produtivo. Embora o Senado não tenha competência para negociar tarifas - atribuição exclusiva do Executivo -, os parlamentares esperam sensibilizar lideranças nos EUA para os impactos econômicos e políticos da medida.
O tarifaço é parte de uma nova política comercial do governo Trump, voltada a países classificados como concorrentes desleais. No caso brasileiro, o presidente dos EUA também citou o que chamou de ‘caça às bruxas’ contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de estado, para justificar o tarifaço.
Técnicos do governo brasileiro alertam que, caso as tarifas sejam mantidas, até 1,9 milhão de empregos podem ser afetados, especialmente nos setores de agronegócio, siderurgia e indústria de transformação.
Durante reunião preparatória com o Itamaraty nesta semana, o chanceler Mauro Vieira lembrou que o Brasil mantém déficit comercial com os Estados Unidos há 15 anos e que outros países com perfil semelhante, como Reino Unido e Austrália, ficaram de fora das sanções.
A agenda da comitiva prevê reuniões entre os dias 28 e 30 de julho com representantes do Congresso dos Estados Unidos, executivos do setor privado americano e empresários brasileiros que mantêm relações comerciais no país. Segundo Trad, a missão busca reaquecer o canal diplomático e político entre os dois países.
Bolsonaro pressiona por boicote e dificulta missão
Enquanto a comitiva busca estreitar relações com autoridades americanas,
Eduardo, deixou o Brasil e fevereiro e não pretender retornar - apesar do mandato - declarou que qualquer diálogo internacional só deveria ocorrer após uma “anistia ampla, geral e irrestrita” aos investigados por tentativa de golpe de Estado - incluindo seu pai, Jair Bolsonaro, réu no STF.
“Não há sequer início de discussão sem anistia. Buscar interlocução sem retomar liberdades fundamentais é vazio de legitimidade”, escreveu o deputado nas redes sociais.
Integrantes da diplomacia brasileira e senadores da missão avaliam que a postura de Eduardo Bolsonaro prejudica o ambiente político para negociações.