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Senador Nelsinho Trad lidera missão para frear tarifas dos EUA sobre exportações brasileiras

Em reuniões com especialistas e empresários americanos, equipe brasileira busca estratégias para prorrogar sobretaxas e preservar exportações

Senador Nelsinho Trad em Washington para tratar sobre tarifaço

À frente da missão oficial do Senado nos Estados Unidos, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), conduziu nesta segunda-feira (28) uma série de reuniões em Washington com especialistas americanos para entender as causas da nova onda tarifária promovida por Donald Trump e buscar respostas estratégicas.

Com apoio da Embaixada do Brasil, os encontros reuniram profissionais dos setores jurídico, econômico e político dos EUA. Entre os participantes estavam:

  • Stephen Vaughn, ex-advogado-geral do USTR no governo Trump;
  • Ryan Majerus, ex-diretor do Departamento de Comércio;
  • Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group;
  • Clayton Allen, diretor da consultoria para os EUA;
  • Clifford Young, presidente da Ipsos Public Affairs.

Pelo lado brasileiro, participaram Paulo Correa (diretor-executivo do Brasil no BID), Mauricio Moreira (ex-economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento) e Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em comum, todos defenderam a cautela e a busca por diálogo para evitar uma escalada do conflito comercial. “Não é momento de jogar gasolina no fogo”, alertou um dos especialistas, enfatizando a importância de enviar sinais adequados para reverter as sobretaxas rapidamente.

Um ponto relevante da agenda foi a avaliação jurídica de Stephen Vaughn, que explicou que o governo americano pode reinstaurar tarifas mesmo após derrotas judiciais, usando outras ferramentas legais. Sua recomendação foi reforçar a construção de pontes políticas e alinhar a comunicação estratégica entre os países.

Roberto Azevêdo destacou que muitas crises comerciais surgem de interpretações equivocadas e que ainda existem canais de negociação abertos com os EUA, desde que haja clareza na estratégia.

No âmbito econômico, a representação brasileira no BID sugeriu a diversificação dos parceiros comerciais e fortalecimento das trocas regionais, citando o potencial entre Mercosul e México como exemplo.

Já analistas da Eurasia Group e Ipsos apresentaram um cenário eleitoral nos EUA em que, apesar dos efeitos negativos das tarifas sobre a economia, a base política de Trump permanece sólida. “Ele sabe que pode suportar um custo pequeno agora e se recuperar rapidamente”, afirmou um deles.

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Para o senador, a missão tem papel fundamental ao fornecer ao Senado informações técnicas e políticas essenciais. “Nosso foco é preservar empregos, o comércio e a relação entre Brasil e Estados Unidos. Isso exige firmeza, mas também maturidade institucional. O momento pede estratégia e responsabilidade”, afirmou.

Empresários americanos articulam pedido para adiar tarifas

Na parte da tarde, os senadores se reuniram com representantes da Câmara de Comércio dos EUA e de grandes empresas americanas, como Cargill, Caterpillar, ExxonMobil, Shell, Dow Chemical, Merck, S&P Global, Johnson & Johnson, IBM, DHL e Kimberly-Clark.

O encontro, organizado pelo Brazil-U.S. Business Council e com participação da embaixadora Maria Luiza Viotti e da missão diplomática brasileira, discutiu a possibilidade de elaborar uma carta conjunta para as autoridades norte-americanas pedindo a prorrogação da entrada em vigor das tarifas, prevista para 1º de agosto.

Nelsinho Trad explicou que a intenção é garantir previsibilidade para o setor produtivo, especialmente para produtos perecíveis, e ganhar tempo para a construção de soluções técnicas e diplomáticas.

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) revelou ainda que a Câmara de Comércio foi convidada a intermediar uma conversa entre os presidentes dos dois países, buscando retomar o diálogo político de alto nível.

Durante a reunião, empresários americanos destacaram a importância do Brasil em cadeias produtivas essenciais, como alimentos, energia e componentes industriais. A recomendação geral foi a de buscar um caminho pragmático e baseado na complementaridade econômica para evitar perdas mútuas.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.