‘Reinvestir recursos da Copasa em MG é exigência do Propag’, diz Tadeu Leite

Presidente da ALMG afirmou que recursos obtidos com a privatização não são para pagar dívida, mas para investimentos em educação e segurança, como prevê o programa de refinanciamento

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Tadeu Leite (MDB), afirmou nesta quinta-feira (30), que o uso dos recursos arrecadados com a venda da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) deve ser, obrigatoriamente, destinado a investimentos no estado.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Itatiaia, Tadeu explicou que o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag) determina que os estados usem parte do valor que deixarão de pagar por meio de juros em obras de infraestrutura, segurança pública e educação profissionalizante.

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Dessa forma, o valor da estatal mineira não será usado no aporte inicial de 20% do valor total da dívida que o estado tem que pagar para aderir ao programa.

“Uma coisa são os 20%, que dá em torno de R$ 36 bilhões, que o projeto federal exige do estado entregar. Para atingir esse valor temos a Codemig, temos imóveis e créditos, projetos que já foram aprovados pela Assembleia para chegar aos 20%. Outra coisa são as obrigações que o estado tem que cumprir para aderir ao programa. Quais são as obrigações? Ao invés de pagar 2% de juros ao governo federal, temos que reinvestir esse valor no estado. E aí entra a discussão da Copasa. A privatização seria para fazer esse reinvestimentos. Todos sabem que temos estradas que precisam de manutenção, a segurança precisa melhorar, então esse recurso será voltado para Minas Gerais”, afirmou Tadeu Leite.

‘Oportunidade para resolver a dívida de MG’, diz presidente da ALMG

A criação do Propag teve participação decisiva da ALMG e do senador Rodrigo Pacheco (PSD), que buscaram uma solução para substituir o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), considerado mais prejudicial aos servidores do estado.

“Se não entregarmos um estado mais saudável, daqui a alguns anos vamos voltar a ter problemas, sem investimentos e com parcelamento de salários de servidores. A Copasa está dentro dessa discussão e o Propag traz algumas obrigações ao estado. Além de amortizar 20% da dívida, precisamos ter recursos para fazer investimentos no estado. Ou seja, temos que investir em educação profissionalizante, segurança pública e estradas”, disse Tadeu Leite.

“Não podemos perder a oportunidade para resolver de vez o problema da dívida de Minas. A discussão da privatização da Copasa pode ser uma oportunidade para discutirmos a modernização do saneamento em Minas Gerais. Semana passada fui a uma cidade da minha região, no Norte de Minas, e temos casos de pessoas que precisam comprar água mineral para poder cozinhar porque na cidade não tem água tratada. Precisamos de investimentos em saneamento”, avaliou o presidente da ALMG.

A Copasa no Propag

A privatização da Copasa já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Propag. Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Além da redução de dois pontos percentuais dos juros com a amortização de 20% do estoque da dívida, é possível reduzir um ponto com a contribuição com o Fundo de Equalização Federativa (FEF) destinado a estados que não estão em dívida com a União. Outro ponto pode ser retirado se a economia obtida ao não pagar a cobrança adicional for reinvestida no estado em obras de infraestrutura, educação profissionalizante, segurança pública e outros serviços à população.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.Servidores lotam a Assembleia contra a privatização da Copasa

Criado a partir de negociações entre deputados estaduais capitaneados pelo presidente da Assembleia, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o governo federal, o Propag nasceu como uma alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O projeto foi aprovado no Congresso Nacional em dezembro de 2024, sancionado por Lula e regulamentado em abril deste ano.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.
Eustáquio Ramos é repórter e apresentador da Itatiaia
Kátia Pereira é jornalista formada pelo Uni-BH e tem especialização em História e Cultura Política pela UFMG. Está na Itatiaia desde 2002. Desde 2005 é titular do Jornal da Itatiaia 1ª Edição. Também apresenta o Jornal da Itatiaia Tarde, é editora e apresentadora do Palavra Aberta e apresenta conteúdo no canal da Itatiaia no Youtube. Recebeu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Âncora de Rádio. Tem passagens por Record TV Minas, Super Notícias/O Tempo e assessoria na Assembleia Legislativa

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