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Pacote da paz: oposição tenta pressionar para que matérias sejam pautadas

Anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, fim do foro privilegiado e impeachment de Moraes, propostas enfrentam resistência entre parlamentares

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e presidente da Câmara, Hugo Motta.

Parlamentares da oposição têm pressionado o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para colocar em votação um conjunto de propostas apelidado de “pacote de paz”.

Esse pacote, reúne três propostas que são consideradas prioritárias pela oposição, são elas:

  • Aprovação do projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro;
  • O fim do foro privilegiado para parlamentares; e
  • Abertura de um processo de impeachment contra Alexandre de Moraes.

Anistia

A proposta de anistiar os condenados pelos atos de 8 de janeiro — quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas — é a principal pauta da oposição, mas sua tramitação está parada na Câmara.

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Deputados de esquerda e parlamentares aliados do governo rejeitam qualquer possibilidade de votação. Já parlamentares da oposição tentam pressionar Motta para pautar o texto no plenário, alegando que há maioria favorável.

Na quarta-feira (6), deputados da oposição ocuparam a Mesa Diretora da Câmara em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada por Moraes. Além de criticar a decisão, exigiram que o projeto de anistia fosse votado.

Na terça-feira (5), o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou que pautaria o projeto na ausência de Motta.

No entanto, parlamentares de diferente espectro políticos ouvidos pela Itatiaia consideram improvável que isso aconteça e classificaram a fala de Côrtes como “bravata”.

Fim do foro privilegiado

Outra prioridade da oposição é a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para extinguir o foro privilegiado — nome popular para o foro por prerrogativa de função — que define qual órgão julga crimes cometidos por autoridades públicas.

Atualmente, a Constituição atribui ao STF o julgamento de crimes cometidos pelo presidente e vice-presidente da República, senadores, deputados federais, ministros de tribunais superiores, ministros do Tribunal de Contas da União e embaixadores.

A oposição argumenta que a regra concentra poder excessivo nas mãos do STF e defende que parlamentares sejam julgados por instâncias inferiores.

Impeachment contra Moraes

O terceiro ponto do pacote prevê que o Senado avalie um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Entretanto, líderes da Casa consideram a proposta inviável no momento e afirmam que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não pretende pautar o assunto. Pela Constituição, cabe ao Senado julgar ministros do Supremo em casos de crimes de responsabilidade.

Para que um ministro do STF seja destituído, é necessário que uma denúncia seja apresentada. Em seguida, o presidente do Senado decide se aceita ou não o pedido.

Caso a denúncia seja acolhida, é criada uma comissão especial responsável por emitir um parecer. Esse parecer é então analisado pelo plenário do Senado.

Se o plenário aprovar o parecer, é realizada uma nova votação, que exige o apoio de pelo menos 54 senadores para confirmar a destituição do ministro.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2019.