O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), saiu publicamente em defesa da servidora Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, alvo de uma operação da Polícia Federal que apura irregularidades na indicação de emendas parlamentares. Em nota divulgada na noite de sexta-feira (12), Motta também afastou qualquer responsabilidade do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a quem a funcionária era diretamente vinculada.
No comunicado, Motta afirmou que a Câmara “respeita integralmente as decisões judiciais”, mas ressaltou que o despacho que autorizou a operação “não aponta desvio de verbas públicas”. Segundo ele, é preciso “distinguir a indicação política da execução orçamentária”, que, de acordo com o presidente da Casa, é fiscalizada por órgãos de controle nos estados e municípios beneficiados.
Motta também exaltou a atuação da servidora investigada. “Trata-se de uma técnica reconhecida, responsável e comprometida com a boa gestão da coisa pública”, escreveu. Ainda segundo o presidente da Câmara, a experiência de Mariângela é “reconhecida por todos os órgãos do Poder Legislativo e do Poder Executivo que elaboram e executam o orçamento federal”.
Na nota, Motta afirmou ainda que a atuação da servidora foi “fundamental no aprimoramento dos sistemas de rastreabilidade da proposição, indicação e execução de emendas parlamentares”, e destacou que o Legislativo vem adotando medidas para ampliar a transparência, como o lançamento de um portal específico e campanhas institucionais sobre o tema.
A manifestação, no entanto,
Entenda a operação da PF
A investigação da Polícia Federal indica que Mariângela Fialek exercia um papel central na manipulação e distribuição informal de emendas parlamentares, inclusive após o fim da gestão de Arthur Lira. Segundo os investigadores, ela organizava planilhas sigilosas com a destinação de recursos, sem identificação dos parlamentares autores nem da finalidade das verbas, prática associada ao chamado orçamento secreto.
Nesta sexta-feira, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na residência da servidora, em Brasília, e no gabinete onde ela trabalha na Câmara dos Deputados. As apurações apontam que Tuca enviava minutas prontas a presidentes de comissões, controlava “reservas” de emendas para determinados parlamentares e redirecionava recursos com base em pedidos verbais, mantendo um sistema paralelo e sem transparência.
Depoimentos colhidos na investigação atribuem à servidora a execução de determinações do então presidente da Câmara, Arthur Lira. Com base nos indícios, o ministro Flávio Dino autorizou buscas, quebras de sigilo e o afastamento de Mariângela de todas as funções relacionadas a emendas parlamentares.