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Moraes manda Meta entregar dados de perfil suspeito de ser usado por Mauro Cid

Ministro do STF deu um prazo de 24h para que a empresa apresente dados sobre um perfil que teria sido usado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o que violaria os termos de sua delação premiada

Em decisão, Moraes pede quebra do sigilo das informações do suposto perfil de Mauro Cid

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (13) que a Meta, empresa responsável pelo Instagram, forneça em até 24 horas todos os dados do perfil “@gabrielar702”, suspeito de ter sido utilizado pelo tenente-coronel Mauro Cid para manter conversas com outros investigados e comentar ilegalmente aspectos da própria delação premiada. A decisão ocorre no âmbito da ação que apura tentativa de golpe de Estado e outros crimes atribuídos a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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A ordem inclui a preservação integral do conteúdo publicado, além da identificação do responsável pela conta, e-mails, números de telefone e registros de acesso. O uso do perfil, em tese, viola cláusulas do acordo de colaboração premiada firmado por Cid com a Polícia Federal, que proíbe contato com outros investigados e divulgação de informações sigilosas.

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A revelação, feita pela revista Veja, de que Cid utilizava um perfil com nome semelhante ao da esposa reacendeu a crise em torno de sua delação e foi alvo da oposição, que já protocolou um pedido no STF nesta sexta para a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro seja anulada.

Além disso, a Polícia Federal também apura a tentativa do militar de obter um passaporte português com a ajuda do ex-ministro Gilson Machado, preso por supostamente colaborar com uma tentativa de fuga do país. Cid foi alvo recente de mandados de busca e teve um pedido de prisão revogado por Moraes.

A própria defesa do ex-ajudante de ordens solicitou a quebra de sigilo do perfil, alegando que Cid não é o autor das postagens e classificando o conteúdo como “falsidade grotesca”. Segundo ele, os textos contêm erros de português e termos que jamais utilizaria, além de divergirem do que foi dito oficialmente à PF. A Procuradoria-Geral da República foi notificada e deu aval à apuração.

Durante a fase de interrogatório na Primeira Turma do STF, Cid chegou a ser questionado sobre o uso do perfil pelo advogado de Bolsonaro, mas negou conhecimento sobre o assunto.

É a terceira vez que a delação de Mauro Cid sofre abalos. Em outras ocasiões, ele foi gravado criticando Moraes e alegando estar sendo coagido, além de ter prestado depoimentos contraditórios. Ainda assim, o Supremo tem mantido os benefícios do acordo.

A defesa nega qualquer ligação de Cid ou de sua esposa com o perfil investigado e defende que os fatos sejam devidamente esclarecidos.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio