O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, em entrevista à Itatiaia nesta segunda-feira (28), que não vê resultado prático na comitiva de senadores enviada aos Estados Unidos para tentar reverter o aumento de tarifas sobre produtos brasileiros. Segundo ele, apesar de respeitar a iniciativa, a missão parlamentar tem pouca ou nenhuma chance de sucesso.
“Não vejo nenhuma produtividade nessa comitiva de parlamentares que foi até os Estados Unidos. Compreendo a boa vontade, o gesto político, mas a negociação é com a Casa Branca e tem que ser diretamente com quem pode mudar a situação aqui no Brasil”, declarou.
Participam da missão os senadores Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Marcos Pontes (PL-SP), Fernando Farias (MDB-AL), Carlos Viana (Podemos-MG), Jaques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE). A iniciativa foi aprovada por unanimidade no Senado e é liderada por Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE).
O grupo pretende se reunir com parlamentares norte-americanos, empresários e representantes do setor produtivo. Embora o Senado não tenha competência direta para negociar tarifas - atribuição exclusiva do Executivo -, os senadores esperam sensibilizar lideranças americanas sobre os impactos econômicos e políticos da medida.
A crítica de Flávio aos colegas de senado se soma a declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem feito reuniões com aliados de Trump nos EUA e defendido o boicote a autoridades brasileiras. Eduardo, que está nos Estados Unidos desde fevereiro, tem declarado que qualquer diálogo internacional só deveria ocorrer após uma “anistia ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Flávio, por sua vez, afirmou que seu irmão está sendo transformado em “bode expiatório” pelo governo Lula, que, segundo ele, tem falhado nas tentativas de diálogo com os americanos.
“Eles querem transformar o Eduardo em bode expiatório porque não conseguem negociar. O governo está tentando se eximir da própria responsabilidade. A Casa Branca está com as portas fechadas para o Lula porque ele próprio fechou essas portas com sua postura agressiva”, criticou.
O senador ainda classificou como “tragédia diplomática” a condução do governo brasileiro e disse não acreditar que a missão do Senado seja capaz de reverter o tarifaço.