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Flávio Bolsonaro ‘não vê produtividade’ na comitiva de senadores que foram aos EUA negociar tarifaço

Apesar de respeitar a iniciativa, senador filho do ex-presidente acredita que a missão parlamentar tem pouca ou nenhuma chance de sucesso

Flávio Bolsonaro em entrevista à Rádio Itatiaia

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, em entrevista à Itatiaia nesta segunda-feira (28), que não vê resultado prático na comitiva de senadores enviada aos Estados Unidos para tentar reverter o aumento de tarifas sobre produtos brasileiros. Segundo ele, apesar de respeitar a iniciativa, a missão parlamentar tem pouca ou nenhuma chance de sucesso.

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“Não vejo nenhuma produtividade nessa comitiva de parlamentares que foi até os Estados Unidos. Compreendo a boa vontade, o gesto político, mas a negociação é com a Casa Branca e tem que ser diretamente com quem pode mudar a situação aqui no Brasil”, declarou.

A comitiva iniciou no sábado (26) sua agenda em Washington, com uma reunião presencial que marcou o começo da articulação para tentar adiar ou reverter o chamado “tarifaço” - um pacote de sanções comerciais de até 50% anunciado pelo presidente Donald Trump e previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto.

Participam da missão os senadores Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Marcos Pontes (PL-SP), Fernando Farias (MDB-AL), Carlos Viana (Podemos-MG), Jaques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE). A iniciativa foi aprovada por unanimidade no Senado e é liderada por Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE).

O grupo pretende se reunir com parlamentares norte-americanos, empresários e representantes do setor produtivo. Embora o Senado não tenha competência direta para negociar tarifas - atribuição exclusiva do Executivo -, os senadores esperam sensibilizar lideranças americanas sobre os impactos econômicos e políticos da medida.

A crítica de Flávio aos colegas de senado se soma a declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem feito reuniões com aliados de Trump nos EUA e defendido o boicote a autoridades brasileiras. Eduardo, que está nos Estados Unidos desde fevereiro, tem declarado que qualquer diálogo internacional só deveria ocorrer após uma “anistia ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Flávio, por sua vez, afirmou que seu irmão está sendo transformado em “bode expiatório” pelo governo Lula, que, segundo ele, tem falhado nas tentativas de diálogo com os americanos.

“Eles querem transformar o Eduardo em bode expiatório porque não conseguem negociar. O governo está tentando se eximir da própria responsabilidade. A Casa Branca está com as portas fechadas para o Lula porque ele próprio fechou essas portas com sua postura agressiva”, criticou.

O senador ainda classificou como “tragédia diplomática” a condução do governo brasileiro e disse não acreditar que a missão do Senado seja capaz de reverter o tarifaço.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio
Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.