O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, disse, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que avisou Bolsonaro que os militares que assinaram carta de pressão aos comandantes das Forças Armadas seriam punidos. Segundo Cid, Bolsonaro, em reposta, “ficou só olhando”.
Durante interrogatório no STF, nesta segunda-feira (9), a Procuradoria-Geral da República (PGR) questionou Cid sobre se Bolsonaro teria manifestado algum apoio ao incentivo à divulgação da carta. Cid respondeu que não.
O tenente-coronel afirmou que “era obvio” que os militares seriam punidos. Ele explicou que manifestações políticas são proibidas e “inadmissíveis” no meio militar.
“Mas depois que informei ao presidente sobre a carta que estava sendo feita, não houve nenhuma determinação ou nada para incentivar que essa carta fosse assinada. Até comentei com o presidente, avisei que os militares seriam punidos. [...] Sinceramente, acho que o presidente só ficou olhando para mim, não comentou nada”, disse Cid.
A carta mencionada por Cid e pela PGR foi assinada por oficiais da ativa das Forças Armadas e divulgada após as eleições daquele ano. Segundo a denúncia da PGR, o objetivo era pressionar os comandantes militares a adotar alguma medida que impedisse a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O STF começou a realizar, nesta segunda (9), os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal que apura suposta tentativa de golpe.