O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a sede do partido em Brasília por volta das 17h30 desta terça-feira (23) e, ao ser abordado por jornalistas, limitou-se a dizer: “Infelizmente, não posso falar com ninguém”. A declaração faz referência às restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbem Bolsonaro de se comunicar com outros investigados e de utilizar redes sociais, seja diretamente ou por meio de terceiros.
A defesa do ex-presidente afirma que ele manterá silêncio absoluto até que o STF esclareça o alcance da decisão que restringe suas manifestações públicas. Em petição protocolada na Corte, os advogados alegam que Bolsonaro nunca entendeu estar proibido de conceder entrevistas à imprensa, já que as medidas cautelares iniciais não mencionavam esse tipo de manifestação. Segundo os defensores, a reprodução de falas públicas nas redes sociais foge ao controle do ex-mandatário, uma vez que qualquer pessoa pode gravar e divulgar seus posicionamentos.
Moraes considerou que Bolsonaro violou as medidas cautelares ao dar uma breve declaração à imprensa, na última segunda-feira (21), durante uma visita à Câmara dos Deputados. No local, ele exibiu a tornozeleira eletrônica e afirmou que “só a lei de Deus” é válida para ele. O episódio foi amplamente repercutido nas redes sociais por aliados e parlamentares, o que levou o ministro a determinar que a defesa explicasse a conduta no prazo de 24 horas. Para Moraes, houve intenção deliberada de repercutir o ato digitalmente, o que configuraria descumprimento da ordem judicial e poderia fundamentar uma eventual prisão preventiva.
As restrições fazem parte do inquérito que investiga os atos do 8 de janeiro.