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Juiz do MT é afastado em nova fase da Operação que apura venda de sentenças

Segundo a PF, foi identificado um esquema para disfarçar o pagamento de propinas milionárias em troca de sentenças favoráveis

Polícia Federal realiza 8ª fase da Operação Sisamnes

A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (29) a oitava fase da Operação Sisamnes, com cumprimento de três mandados de busca e apreensão em Mato Grosso. O principal alvo é o juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (MT), que foi afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

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A investigação apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a venda de decisões judiciais. Segundo a PF, foi identificado um esquema para disfarçar o pagamento de propinas milionárias em troca de sentenças favoráveis.

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O magistrado teve os bens bloqueados, somando cerca de R$ 30 milhões, e está proibido de sair do país. O passaporte foi recolhido por ordem do ministro Cristiano Zanin, do STF.

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A operação teve origem após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto a tiros em 2023, em frente ao escritório onde trabalhava, em Cuiabá. Análises do celular da vítima revelaram mensagens e arquivos que levantaram suspeitas sobre a negociação de sentenças judiciais e movimentações financeiras ilegais.

A Operação Sisamnes, conduzida pela Polícia Federal desde novembro de 2024, investiga um complexo esquema de corrupção no Judiciário brasileiro, envolvendo a venda de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, espionagem e homicídios por encomenda.

O Tribunal de Justiça do Mato Grosso foi procurado para comentar o afastamento, mas ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.

Relembre as fases da operação até agora:

  • Fase 1 (novembro de 2024): Iniciada com a prisão do empresário Andreson Gonçalves, conhecido como “lobista dos tribunais”, e buscas em endereços de assessores de ministros do STJ. A investigação revelou um esquema de venda de sentenças judiciais, envolvendo advogados, lobistas, empresários e servidores do Judiciário.
  • Fase 2 (dezembro de 2024): Focada em operações imobiliárias suspeitas, resultando no afastamento de servidores do Judiciário e no sequestro de imóveis de um magistrado.
  • Fase 3 (março de 2025): Investigou o vazamento de informações sigilosas de investigações no STJ, identificando uma rede clandestina de monitoramento e repasse de dados confidenciais.
  • Fase 4 (abril de 2025): Mirou empresários e operadores financeiros envolvidos na lavagem de dinheiro das propinas, com o bloqueio de R$ 20 milhões em bens.
  • Fase 5 (maio de 2025): Cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal, aprofundando as investigações sobre a lavagem de dinheiro e a ocultação de propinas.
  • Fase 6 (maio de 2025): Focou em suspeitos de obstruir as investigações, resultando na prisão de dois indivíduos acusados de atrapalhar a operação.
  • Fase 7 (28 de maio de 2025): Investigou os mandantes e coautores do assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro de 2023. A PF identificou o grupo “Comando C4", envolvido em espionagem e homicídios por encomenda, com alvos no Judiciário e Legislativo.
  • Fase 8 (29 de maio de 2025): Teve como alvo o juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (MT), afastado do cargo por suspeita de envolvimento no esquema de venda de sentenças. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, com o bloqueio de R$ 30 milhões em bens e a apreensão do passaporte do magistrado.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio