Seis anos depois do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, a Vale recuperou apenas 2,5% da área verde devastada pelos 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério que vazaram do local. Foram restaurados 7,5 dos cerca de 300 hectares atingidos pela lama. Em termos práticos, a mineradora recuperou a área verde equivalente a sete campos de futebol, restando outros 293 campos para serem revitalizados. Os números foram confirmados à Itatiaia pela própria Vale.
Assista ao vídeo da Itatiaia sobre os seis anos da tragédia em Brumadinho
https://www.youtube.com/watch?v=JJSwqDkr9qY
Apesar de a área restaurada ser pequena até então, a mineradora tem uma meta ousada e planeja concluir a recuperação de todo o espaço em 2030. É o que garante o gerente do meio biótico da recuperação socioambiental da mineradora, Gustavo Moraes.
“O processo de recuperação, olhado por compartimentos, tem cerca de dois a três anos para atingir o ápice da primeira fase. A partir daí, a gente entra com uma fase 2, chamada de diversidade. Então, esse processo pode levar cerca de dez anos. A recuperação de todas as áreas aqui dentro do nosso projeto, dentro da nossa iniciativa, está planejada dentro de uma atuação segmentada por compartimentos até 2030", explicou Moraes.
Para que a Vale possa concluir a recuperação ambiental, o Corpo de Bombeiros precisa vistoriar toda a área, já que três corpos ainda não foram localizados. Mais de 2.000 dias depois do rompimento, os militares buscam pelos restos mortais destas vítimas em meio aos rejeitos. Os bombeiros já vistoriam 88% dos 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos que vazaram da estrutura. No entanto, desta área, a mineradora diz que menos de 10% foi liberada para a fase de recuperação ambiental.
“Esse processo se inicia com, após o término das buscas pelas vítimas, a retirada do rejeito. Então, com o rejeito sendo liberado, a gente inicia o processo de desenvolvimento dos projetos e, a partir da implantação, a gente dá sequência com a reconformação do terreno, reconformação do relevo, reconstrução dos cursos d'água, o plantio florestal para recobrimento da vegetação natural e agregando algumas estruturas também de atração de fauna para possibilitar a recuperação da biodiversidade.
Em termos práticos, os bombeiros precisam concluir as buscas e liberar toda área para a recuperação ambiental. No entanto, a corporação diz que não há previsão de término das buscas pelas vítimas desaparecidas. Em entrevista à Itatiaia, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Henrique Barcellos, afirma que a missão é vistoriar todos os rejeitos.
“Essa evolução da operação (de buscas) é sempre impactada por questões climáticas. A gente cita principalmente a chuva, que traz um certo atraso pela condição do rejeito a ser vistoriado e o tempo todo isso é atualizado, mas, novamente, a gente não trabalha com uma previsão temporal, e sim com a missão de vistoriar todo o rejeito”, disse Barcellos.