A delação premiada da empresária Cristiana Prestes Taddeo, da Hempcare, implica o ministro palaciano Rui Costa em uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre fraudes em um contrato de R$ 48 milhões para a compra de respiradores pelo Governo da Bahia durante a pandemia de coronavírus. Taddeo e o secretário da Casa Civil à época, Bruno Dauster, disseram aos investigadores que a negociação ilícita ocorreu com o aval de Rui Costa — então governador do Estado.
O conteúdo da delação da proprietária da Hempcare consta em uma reportagem publicada pelo Uol nesta quarta-feira (3). Segundo o site, os delatores sustentaram à PF que o atual ministro e braço-direito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu autorização para a assinatura do contrato irregular de compra dos 300 respiradores importados da China e nunca entregues à Bahia. Rui Costa nega as acusações e afirmou que, enquanto governador, determinou a instauração de um inquérito para investigar a suposta fraude. Ele acrescentou ainda que nunca tratou sobre compras de respiradores ou de outros equipamentos de saúde.
Na delação firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cristiana Prestes Taddeo confessou irregularidades processuais e admitiu que o contrato firmado com a administração baiana era desfavorável ao Estado e previa pagamento adiantado. Ela também disse que a Hempcare não possuía os documentos necessários para negociar os respiradores e, segundo o Uol, garantiu ter recebido informações privilegiadas. A reportagem detalha que a transação milionária teria sido intermediada pela mulher do atual ministro e por um empresário baiano que se apresentou como amigo de Rui Costa e cobrou uma propina de R$ 11 milhões para intermediar as tratativas.
Cerca de R$ 10 milhões foram devolvidos aos cofres públicos pela empresária à frente da Hempcare. Os respiradores nunca foram entregues ao governo da Bahia, que ainda amarga o prejuízo. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) investigam se agentes públicos receberam a propina paga por Cristiana ao ‘amigo de Rui Costa’. O inquérito continua aberto.