Ouvindo...

Governo de MG amplia prazo para defesa de empreiteiras que respondem a processo administrativo no estado

Seis contrutoras respondem a Processos Administrativos Punitivos abertos pelo governo Zema após acordos de leniência que envolvem denúncias de irregularidades em obras na Cidade Administrativa

Supostas irregularidades na construção da Cidade Administrativa motivaram abertura de processos administrativos contra construtoras

A Controladoria-Geral do Estado (CGE) deu mais 180 dias de prazo para que seis empreiteiras que participaram da construção da Cidade Administrativa, sede do Governo de Minas Gerais, se manifestem em um processo administrativo. A portaria com a concessão de mais seis meses de prazo para a defesa das construtoras foi publicado nesta sexta-feira (22), no Diário Oficial “Minas Gerais”.

Os Processos Administrativos Punitivos (PAPs) foram abertos em outubro do ano passado, pelo chefe da CGE, Rodrigo Fontenelle, contra as construtoras Barbosa Mello, Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Queiroz Galvão (atual Áyla), Santa Bárbara Engenharia e Via Engenharia.

O movimento ocorre após o Governo de Minas Gerais ter firmado três acordos de leniência com as empresas Andrade Gutierrez, Coesa (antiga construtora OAS) e OEC (antiga construtora Norberto Odebrecht). Todas elas assumiram irregularidades na construção da Cidade Administrativa, se comprometeram com o pagamento de multas e forneceram informações ao Governo de Minas sobre as irregularidades. Foi com base nessas informações que a CGE começou a investigar os fatos e abriu os procedimentos punitivos contra as outras empreiteiras. Ao final, os PAPs podem resultar em sanções contra as construtoras, como: pagamento de multas e a impossibilidade de firmar novos contratos com a administração pública.

Os processos também podem resultar em novos acordos de leniência, caso as empresas procurem o Governo de Minas com essa intenção e apresentem novos elementos às investigações.

Veja mais: Decisões do STF enfraquecem acordos de leniência, diz chefe da CGE em Minas

Leia também

O que é acordo de leniência

Os acordos de leniência foram instituídos na legislação brasileira por meio da Lei Anticorrupção, sancionada pela então presidente Dilma Rousseff, em 2013, na esteira das manifestações que eclodiram em junho daquele ano. Essa foi uma das medidas ao qual o governo federal se comprometeu a adotar para combater a corrupção em resposta às demandas sociais.

A partir disso, empresas investigadas por irregularidades passaram a poder firmar acordos com o governo. Em troca, elas teriam sanções atenuadas e se comprometeriam a colaborar com a Justiça. No âmbito do governo federal, as negociações são feitas, exclusivamente, pela Controladoria-Geral da União (CGU). Até setembro deste ano, de acordo com o órgão, foram celebrados 25 acordos com diversas empresas, que se comprometeram a pagar R$ 18,3 bilhões em multas à administração pública federal. Até o momento, R$ 8,8 bilhões foram, efetivamente, pagos.

Acordo de leniência em Minas Gerais

Em Minas Gerais, a prática fica a cargo da Controladoria-Geral do Estado (CGE), que já firmou três acordos de leniência com base em investigações relacionadas a irregularidades na construção da Cidade Administrativa e obras relacionadas à Cemig.

A primeira delas foi firmada com a construtora Andrade Gutierrez, que assumiu responsabilidade em uma série de crimes e, com isso, se comprometeu a pagar multas no valor de R$ 128,9 milhões ao longo de nove anos. O acordo foi firmado em 2021. Na sequência, foram assinados acordo com a Coesa, no valor de R$ 42,7 milhões (ao longo de 19 anos) e com a OEC e Novonor, de R$ 202 milhões.

Em todos os casos, o Governo de Minas impôs sigilo de 10 anos em trechos dos acordos de leniência. Com isso, não se sabe, ao certo, quais crimes foram praticados e quais os agentes políticos estavam envolvidos.

Em 2023, foram feitos ainda dois novos contratos, com a Passos Maia Energética (R$ 22,9 milhões) e Moinho S.A (R$ 9 milhões). No entanto, esses últimos não dizem respeito às obras da Cidade Administrativa.

Participe dos canais da Itatiaia:

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.