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Moraes envia à PGR petição sobre suposta interferência de Bolsonaro em operação da PF

Senador Randolfe Rodrigues pediu investigação após áudio em que Milton Ribeiro diz ter falado com o presidente

Em áudio, Milton Ribeiro diz ter falado com Bolsonaro em meio a investigações

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), remeteu à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma petição assinada pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), que pede que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado por suposta interferência em investigação contra o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro.

A petição foi incluída no inquérito que apura as declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, de que houve interferência na Polícia Federal por parte de Bolsonaro.

Bolsonaro diz que prisão de Milton Ribeiro foi para ‘humilhar’ governo

De acordo com Randolfe, há indícios de que o presidente tenha atuado, novamente, para obstruir as investigações, neste caso, relacionadas a Ribeiro.

Segundo petição do ministro, devem ser tomadas “medidas cabíveis a fim de evitar interferências indevidas da cúpula do Poder Executivo nas atividades-fim da Polícia Federal, determinando, se for o caso, a abertura de inquérito para apurar a conduta de violação de sigilo e de obstrução da justiça do Presidente Jair Bolsonaro”.

Milton Ribeiro x Bolsonaro

O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi preso, na semana passada, durante a Operação Acesso Pago, que investiga a formação de uma espécie de ‘gabinete paralelo’ dentro do MEC. Dois pastores evangélicos também foram detidos, suspeitos de intermediarem a liberação de recursos da pasta em troca de propina.

A investigação foi remetida ao STF depois que a PF interceptou ligações de Milton Ribeiro que sugeriam que o presidente Bolsonaro teria alertado a ele sobre a possibilidade de uma operação de busca e apreensão contra ele.

“Ele (Bolsonaro) acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, afirma em uma ligação telefônica para a sua filha. No dia da ligação, Bolsonaro estava viajando com o ministro da Justiça, Anderson Torres, a quem a Polícia Federal (PF) transmite informações diárias de suas missões.

A ligação não é a única que acendeu o alerta sobre uma possível interferência de Bolsonaro na investigação para vazar informações a Milton Ribeiro. No dia da operação, a mulher do ex-ministro, Miryan Ribeiro, que também foi grampeada, disse a um interlocutor ainda não identificado pela PF que o marido já sabia que seria alvo de operações.

“Ele estava, no fundo, ele não queria acreditar, mas ele estava sabendo. Eu falei: ‘Pra ter rumores do alto é porque o negócio já estava certo’”, afirma ao comentar a prisão.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.