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Ministro da Justiça, Anderson Torres, nega ter falado com Bolsonaro sobre operação que prendeu Milton Ribeiro

Anderson Torres foi às redes sociais e disse não ter tratado do assunto durante viagem com o presidente aos EUA

MIlton Ribeiro, Anderson Torres e Bolsonaro em encontro no Planalto, em 2021

O ministro da Justiça Anderson Torres foi às redes sociais para se pronunciar sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na operação da Polícia Federal (PF) que resultou na prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, nesta semana.

“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o Presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro CATEGORICAMENTE que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem”, diz postagem publicada em seu perfil oficial no Twitter neste domingo (26).

Uma ligação telefônica interceptada pela PF e que vazou nos últimos dias revela Milton Ribeiro conversando com a filha. Na chamada ele diz ter conversado com o presidente, que disse que tinha um “pressentimento” de que o ex-ministro poderia ser alvo de uma operação de busca e apreensão.

Na ligação, ele menciona que Bolsonaro estava nos Estados Unidos, onde o presidente esteve durante a realização da Cúpula das Américas, no início do mês. Anderson Torres fez parte da delegação brasileira que foi ao país norte-americano.

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Milton Ribeiro sabia de operação

O delegado federal Bruno Calandrini, responsável pela investigação de um suposto gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação (MEC), disse acreditar que houve vazamento do inquérito.

“Os indícios de vazamento são verossímeis e necessitam de aprofundamento diante da gravidade do fato aqui investigado”, escreveu em manifestação enviada na sexta-feira (24), à Justiça Federal em Brasília.

Calandrini cita ligações do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, interceptadas na investigação. Para o delegado, as conversas “evidenciam” que ele “estava ciente” de que seria alvo de buscas.

O documento diz ainda que o ex-ministro demonstrou “extrema preocupação” com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, apontados como lobistas no MEC.

“Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha Juliana que seria alvo de busca e apreensão, informação supostamente obtida através de ligação recebida do Presidente da República”, explica o delegado.

Conversa com Bolsonaro

Em uma das conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, falou com a filha que tinha conversado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a investigação envolvendo o seu nome. A Justiça Federal suspeita de interferência do presidente no caso e encaminhou as gravações ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele se mostrava preocupado porque o presidente disse que poderia haver uma operação de busca e apreensão relacionada à Operação Acesso Pago, que resultou na sua prisão nesta semana.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.