Em uma das conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, falou com a filha que tinha conversado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a investigação envolvendo o seu nome. A Justiça Federal
Ele se mostrava preocupado porque o presidente disse que poderia haver uma operação de busca e apreensão relacionada à Operação Acesso Pago, que resultou na sua prisão nesta semana.
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O áudio foi divulgado nesta quinta-feira (24) pela GloboNews.
Confira o diálogo de Milton Ribeiro com a filha
Filha de Milton Ribeiro: E você? Tá bom pai?
Milton Ribeiro: Tudo bem! As coisas tão caminhando
Filha de Milton Ribeiro: Caminhando...
Milton Ribeiro: A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo atráves de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos para ele, né?
Filha de Milton Ribeiro: Ah! Ele quer que você pare de mandar mensagens?
Milton Ribeiro: Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?
Filha de Milton Ribeiro: Ah!
Milton Ribeiro: Mas, não há por quê, meu Deus
Filha de Milton Ribeiro: Ah, pai! Não... essa voz não é definitiva... eu não sei se ele tem alguma informação... eu tô te ligando do meu... eu tô te ligando no celular nomal, viu pai?
Milton Ribeiro: Ah, é? Ah, então depois a gente se fala então. Tá?
Filha de Milton Ribeiro: Tá bom
Caso Milton Ribeiro no STF
A Justiça Federal em Brasília enviou nesta sexta-feira (24) a investigação sobre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Na decisão assinada pelo juiz Renato Borelli, que acatou pedido do Ministério Público Federal (MPF), há uma transcrição de conversas do ex-ministro obtidas por meio de interceptações telefônicas. O juiz entendeu que as conversas indicam que Ribeiro poderia ter conhecimento sobre o andamento das investigações.
O magistrado deu a decisão após o MPF apontar “indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações”.
Borelli pede que a relatora do caso seja a ministra Cármen Lúcia, que era a responsável pelas investigações envolvendo o MEC quando Ribeiro era ministro.
Nos trechos da interceptação telefônica que vieram a público, o ex-ministro cita a possibilidade de uma operação de busca e apreensão, o que foi entendido pelo magistrado como possível vazamento de informação a Ribeiro.