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Em reunião, Lula critica uso da religião na política e cobra ministros: ‘temos que fazer muito mais’

Presidente abriu a primeira reunião ministerial de 2024 falando sobre desafios à frente do governo federal e criticando a ‘instrumentalização’ da religião por políticos e partidos

Presidente reuniu ministros pela primeira vez em 2024 para discutir ações no ano

A primeira reunião ministerial de 2024 foi aberta pelo presidente Lula com cobrança aos ministros que compõem seu governo. Mesmo se mostrando satisfeito com resultados do primeiro ano de gestão à frente do governo federal, o presidente alegou que ‘ainda há muito o que ser feito’.

O presidente também foi além e projetou o que espera do Brasil nos próximos anos, com críticas ao discurso religioso que vem sendo usado na política e comentários a respeito da investigação de um suposto plano de golpe de estado planejado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que é investigado pela Polícia Federal.

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“[As pessoas querem] um país em que a religião não seja instrumentalizada como instrumento político, de um partido político ou de um governo”, afirmou Lula. “Que a fé seja exercitada na mais plena liberdade das pessoas que queiram exercê-la. A gente não pode compreender a religião sendo manipulada da forma vil e baixa como está sendo nesse país. Então democracia é a gente tentar que esse país volte à normalidade”, completou o presidente.

A crítica vai de encontro a um desafio que Lula tem encontrado frente ao público evangélico, entre os quais ele tem perdido popularidade. No início do mês, uma pesquisa da Quaest indicou que, entre esse público, o índice de desaprovação do trabalho de Lula é de 62%. Entre o público geral, a desaprovação é de 46%.

Membros do governo atribuem a queda a dois fatores: as duras críticas do presidente ao governo de Israel pela condução da guerra contra o Hamas e a infiltração do ex-presidente Bolsonaro dentro das igrejas, com o apoio de pastores.

Cobranças aos ministros

A tônica do início da reunião foi de uma compreensão do trabalho que foi feito em 2023, no primeiro ano de gestão do presidente Lula. Antes de passar a palavra para o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que ficou encarregado de elencar as ações positivas do governo, o presidente destacou que os ministros precisam começar a entregar aquilo que foi prometido durante a campanha eleitoral.

“Todo mundo sabe também que ainda falta muito para a gente fazer. A gente ainda tem muito para fazer, em todas as áreas. E esse muito não é nada estranho, é tudo aquilo que nós nos comprometemos a fazer durante a disputa eleitoral que fizemos nesse país”, declarou Lula. “Para quem perde a eleição, quatro anos demora muito. Mas, para quem ganha, passa rápido, Nós já gastamos um ano e três meses do nosso mandato, e vocês percebem o quão pouco nós fizemos e o quão muito nós fizemos também”, acrescentou o presidente.

Um dos ministros elogiados por Lula foi Carlos Fávaro, que comanda a pasta de Agricultura e Pecuária, e que conseguiu destravar mais de 90 mercados para produtos brasileiros no exterior. O presidente também elogiou a iniciativa da ministra Esther Dweck, de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, na condução do ‘Enem dos Concursos’, que pretende preencher 9 mil vagas de servidores no governo federal.

Após a apresentação de Rui Costa, a reunião segui à portas fechadas, com a previsão de que todos os ministros façam uma breve apresentação. Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, e Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas, foram as ausências no início da reunião.

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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio