O padre Júlio Lancellotti, famoso pelo apoio dado a cidadãos em situação de vulnerabilidade social em São Paulo (SP), foi tema de um bate-boca entre vereadores na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) nesta terça-feira (6). Braulio Lara, do Novo, e Bruno Pedralva, do PT, divergiram a respeito do religioso, alvo de denúncias de cunho sexual.
O pároco foi citado durante a votação do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
Nessa segunda-feira (5), a Arquidiocese de São Paulo afirmou que vai abrir investigação para apurar
Na Câmara Municipal paulistana, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) tenta emplacar uma CPI que teria o pároco como um dos alvos.
“A Câmara (Municipal) de São Paulo acabou de tentar uma atrocidade: uma CPI contra o padre Júlio Lancellotti, uma luz, exemplo para todo o povo brasileiro de humanidade, solidariedade e dedicação ao pobre e ao outro, a exemplo do que Jesus Cristo fez quando passou pela Terra. E a Câmara de São Paulo queria fazer uma CPI contra o padre Júlio. Esse nosso relatório poderia, sim, fazer uma referência: queremos uma saída para enfrentar a situação das pessoas que estão nas ruas de Belo Horizonte. Que seja à luz do padre Júlio Lancellotti: cuidar, com carinho e humanidade, das pessoas que estão na rua em BH”, disse Pedralva.
Braulio Lara, presidente da CPI belo-horizontina, então, respondeu. “O padre citado aqui pelo vereador Bruno, o padre Júlio Lancellotti, está lá respondendo, agora, sobre pedofilia”.
A fala desencadeou um bate-boca entre os políticos de Novo e PT:
Pedralva: — Fake news. (Está) provado que esse vídeo é uma fake news.
Braulio: — Não tem provado, não. Tem matéria da imprensa, dos últimos dias.
Pedralva: — É uma montagem (o vídeo). Matéria da imprensa de extrema-direita bolsonarista, um cara dizendo que é técnico e que (o vídeo) é verdade.
Braulio: — Seria muito melhor da sua parte dizer que são necessárias investigações. São necessárias investigações.
Pedralva: — Você está agredindo a imagem de um cara que é respeitado mundialmente com fake news. Não é o foco da nossa CPI aqui, agora.
Braulio: — Você falou dele.
Pedralva: — Eu citei ele. Você está fazendo (falando) mentiras.
Braulio: — Olha o que está nos jornais. A própria arquidiocese…. (interrupção)
Pedralva: — Sua vontade era fazer o mesmo que aquele vereadorzinho do MBL, para fazer mentira com essa CPI, e nós não deixamos.
Braulio: — Bruno, me respeite. A palavra está comigo.
Pedralva: — Mas, pelo amor de Deus. Você está falando mentiras sobre o padre Júlio.
Braulio: — A Arquidiocese Paulista acabou de abrir um processo de investigação sobre o padre Júlio Lancellotti. Agora, pergunta se ele (o padre Júlio) procurou saber quem eram os vereadores fazendo o trabalho em Belo Horizonte antes de me atacar na rede social. Pergunta se o padre Júlio procurou saber da seriedade do trabalho feito aqui na Câmara antes de me acusar de aporofóbico, não sei o que, postar com a minha foto e colocar toda a militância digital para me achacar na rede social. Uma pessoa que diz respeitar a palavra de Deus não faz isso com o próximo.
Relatório aprovado
O texto com as recomendações da CPI da População em Situação de Rua foi aprovado por seis votos a um. Apenas Pedralva se manifestou contrariamente ao relatório.
O relatório não sugere indiciamentos de autoridades envolvidas no acolhimento aos desabrigados, mas aponta discrepância entre os números apresentados pela prefeitura e pelo governo federal sobre a quantidade de pessoas em vulnerabilidade nas ruas. Segundo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), há 16 mil cidadãos sem-teto.
No relatório, os vereadores pedem que a prefeitura tenha comunicação com o Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar de proibições jurídicas sobre o tema, como a ADPF 976, que proíbe remoção forçada de pessoas da rua e recolhimento de pertences pessoais. Pede também políticas conjuntas entre as Secretarias de Assistência Social e Saúde.
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