Ouvindo...

Opositor de Renan Calheiros, Lira diz que CPI da Braskem ‘não deve ser um palanque político’

Comissão foi instalada na quarta, em reunião rápida e tensa. Temor é a CPI virar “cabo de guerra” entre os principais grupos políticos de Alagoas

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) defende que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para apurar os danos ambientais causados em Maceió (Alagoas) pela Braskem “não deve ser um palaque político”. A manifestação foi feita na rede social X (antigo Twitter), na manhã desta quinta-feira (14).

A comissão foi instalada na quarta (13) depois de uma reunião rápida e tensa. O temor é que a CPI vire um “cabo de guerra” entre os principais grupos políticos de Alagoas. De um lado estão Lira e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC). Do outro, o senador Renan Calheiros (MDB), que tem como aliado o governador do estado, Paulo Dantas. Calheiros é um dos nomes cotados para assumir a relatoria da comissão.

Até o momento, a única definição é sobre a presidência do colegiado, que ficou com o senador Omar Aziz (PSD-AM). Lira diz esperar que a CPI faça um “trabalho técnico meticuloso e profundo” na apuração de responsabilidades.

“Confio que a CPI criada pelo Senado para investigar os problemas da exploração de sal-gema em Maceió pela Braskem fará um trabalho técnico meticuloso e profundo e de apuração de responsabilidades. O povo de Maceió não pode ser prejudicado. O compromisso público do presidente da CPI, senador Omar Aziz, é nesse sentido. Portanto esta CPI não deve ser um palanque político. E sim uma chance de Maceió e seus moradores buscarem reparação”, publicou o presidente da Câmara.

A instalação da CPI foi precedida por muitas discussões nos bastidores que envolveram grupos políticos de Alagoas e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que atuou diretamente para amenizar a disputa entre Lira e Renan. Na terça, a pedido de Lula, ambos se reuniram juntamente com Paulo Dantas e JHC, no Palácio do Planalto. O encontro durou mais de três horas. Nele, Lula teria pedido um ‘pacto’ para que as disputas políticas fossem deixadas de lado.

Mesmo assim, a primeira reunião da CPI foi tensa. O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), que é aliado de Lira, chegou a pedir a saída de Renan Calheiros da reunião, o acusando de ser parte do problema, já que ele presidiu a Salgema — antiga Braskem — na década de 1990. Houve um princípio de bate-boca que foi abafado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que presidiu a primeira sessão.

Siga o canal da Itatiaia no WhatsApp

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) será o vice-presidente do colegiado. Os trabalhos da comissão se iniciam em fevereiro, quando deve realmente ser definido o relator.

PEDIDO DO MPF
Na quarta, Ministério Público Federal ingressou com uma ação na 3ª Vara Federal, em Alagoas, pedindo o bloqueio de R$ 1 bilhão da Braskem. O órgão quer a garantia do pagamento de indenizações a proprietários de imóveis que foram incluídos em novas áreas de monitoramento do afundamento do solo causado pela extração do sal-gema pela companhia em Maceió.

O MPF acusa a Braskem de descumprir uma liminar que determina a inclusão dos novos imóveis no Programa de Compensação. Na última terça (12), a audiência de conciliação na Justiça Federal, em Alagoas, com a participação do MPF, Defensoria Pública da União (DPU), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Braskem foi encerrada sem um acordo.

É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.