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Secretário de Saúde de BH diz que diálogo com assistentes sociais é trunfo para acolher população de rua

Em depoimento a vereadores de CPI da Câmara Municipal, Danilo Matias afirmou que ideia é ter sistema para integrar casas de saúde no acesso a prontuários de pacientes

Diálogo é etapa importante do processo de acolhimento dos moradores em situação de rua

O secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Danilo Borges Matias, disse, nesta sexta-feira (24), que a integração entre os profissionais das redes de saúde e Assistência Social é fundamental para garantir apoio do poder público à população em situação de rua. Aos vereadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pela Câmara Municipal para investigar o aumento do número de desabrigados na cidade, Matias afirmou que a ideia é expandir os mecanismos de diálogo de trabalhadores como médicos e enfermeiros junto ao Sistema Único da Assistência Social (SUAS).

O secretário falou sobre a aposta da Prefeitura de BH nos chamados “consultórios na rua”. O programa é formado por equipes itinerantes compostas por profissionais como médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros.

“O consultório na rua identifica, fazendo busca ativa, pessoas com necessidade de entrar em um dos centros de saúde. As equipes dos centros de saúde são orientadas a acolher e incluir essas populações, com todas as carências que lhe são peculiares”, explicou.

Presidente da CPI, o vereador Braulio Lara (Novo) apontou dificuldade no acesso a dados de saúde dos moradores de BH em situação de rua.

“Hoje, o cidadão comum de Belo Horizonte tem dificuldades de saber o que fazer quando vê determinada cena de pessoas em situação de rua. Se você vê uma pessoa largada, toda suja e passando mal no passeio, o cidadão não tem a certeza de qual o melhor procedimento”, falou.

“Uma pessoa que, hoje, entra em uma unidade de saúde e tem trajetória de rua, tenho certeza que, em seu prontuário, não há informação nenhuma sobre o que está acontecendo”, completou o parlamentar.

Em resposta a Braulio, Danilo Matias disse que um dos objetivos da prefeitura é lançar, no ano que vem, um sistema informatizado para integrar as casas de saúde da cidade. Assim, seria possível acessar prontuários dos pacientes e obter informações sobre cada um deles. Os dados poderiam servir, por exemplo, para basear ações individuais a cidadãos em situação de rua que procuram ajuda médica.

“A gente tem uma sensação, olhando de fora, que as equipes (de saúde e assistência social) não conversam entre si. E essa conversa acontece. Os casos das pessoas são discutidos e acompanhados. Uma pessoa atuante no consultório de rua diz que a produção do cuidado é quase artesanal”, contou.

De acordo com o secretário de Saúde, há um mapeamento de códigos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI) para identificar os problemas médicos que mais acometem os moradores em situação de rua na capital.

Ao tratar dos consultórios de rua, o secretário listou a tuberculose e o tabagismo como questões constantemente abordadas pelos profissionais da saúde. Lacunas na saúde bucal e nos cartões de vacinação dos cidadãos também são pontos de atenção.

Mais diálogo com assistentes sociais

Também nesta sexta-feira, os integrantes da CPI da População de Rua também tomaram o depoimento de João Antônio Fleury Teixeira, secretário municipal de Política Urbana.

Segundo Fleury, os assistentes sociais também compõem a equipe que fiscaliza a ocupação dos espaços públicos por parte das pessoas em situação de rua. Profissionais como psicólogos, cientistas sociais e geólogos também atuam no diálogo. As comitivas servem para avaliar, por exemplo, se os pertences das pessoas em situação de rua trazem prejuízos ao deslocamento dos munícipes.

“A ação é humanizada, fomenta a conscientização, tem o princípio do diálogo, a mediação, a busca pelas especificidades de cada caso. (É) uma abordagem técnica e há, quando necessário, encaminhamentos à secretaria de Assistência Social e Saúde, a depender da situação em que a gente encontra a pessoa”, pontuou Fleury.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.