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Comissão que analisa cassação de Gabriel toma depoimentos em meio a bate-bocas

Três vereadores foram ouvidos nesta terça-feira (31) e advogado de defesa se envolveu em discussão com a presidente da Comissão Processante

As oitivas das três primeiras testemunhas no processo de cassação contra o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido), foram marcadas por troca de acusações e desentendimentos. Gabriel é denunciado por quebra de decoro pela ex-vereadora e atual deputada federal Nely Aquino (Podemos).

Um dos cenários da quebra de decoro indicado na denúncia teria acontecido na reunião da Comissão de Mobilidade, em agosto deste ano, quando Gabriel chamou Wagner Ferreira, do PDT, de “lambe botas” e “resto de ontem”. Foram ouvidos como testemunhas, nesta terça-feira (31), além de Ferreira, Miltinho CGE, também do PDT, e Wesley Moreira (PP).

Durante depoimento, Ferreira afirmou que, após a declaração de Gabriel em agosto deste ano, alguns servidores de seu gabinete foram desligados.

“Eu não tenho conhecimento de perseguição a servidores, o que relatei aqui é que em relação aos vereadores do PDT aqui na Câmara, nossos servidores foram devolvidos à prefeitura e os demais vereadores continuam com seus servidores cedidos. Então, a gente questionou essa imparcialidade do presidente nessa relação institucional”.

Já Miltinho CGE afirmou à Itatiaia que, após as declarações do presidente da Câmara, o clima na Casa Legislativa teria ficado “insustentável” e que os servidores estariam “com medo”:

“A partir da hora que ele passa humilhar as pessoas, isso já ultrapassa os limites da convivência normal. Nesta Casa, se vê cassação por muito menos que isso. Agora, uma pessoa que humilha, que fala o que quer, põe as pessoas debaixo da sola do pé, não é o comportamento de um líder de uma da casa do Legislativo”, apontou.

O depoimento que mais causou embates entre a defesa de Gabriel e testemunha, foi de Wesley Moreira (PP). Ele questionou as perguntas feitas pelo advogado do presidente da Câmara, Ricardo Matos, e relacionou o processo de Gabriel com casos de outras casas legislativas, onde parlamentares foram cassados por causa de declarações públicas.

“A defesa dele quis ganhar tempo, fazendo perguntas que não tem nada a ver com o tema. Mas eu consegui deixar bem claro que hoje todos os políticos têm que estar bem atentos que a língua mata, e que hoje uma fala mal colocada no fervor de uma derrota aqui dentro da casa, ou na política, pode trazer consequências piores”, apontou

A presidente da Comissão Processante, vereadora Janaina Cardoso (União Brasil), terminou a sessão afirmando que vai denunciar Ricardo Matos, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O advogado pediu que constasse na ata qual era o papel do assessor da vereadora Professora Marli (PP) na reunião, e chegou a dizer que o assessor estava intervindo no debate.

No momento, o advogado disse que não questionou a capacidade da presidente, e que era responsável pelo que ele fala, e não pelo que terceiros entendem.

“O advogado quis dizer que eu estava sendo orientada por um assessor de outra vereadora, e isso não é verdade”, questionou Janaína

Nem Gabriel, que acompanhou a reunião, nem os advogados, falaram com a imprensa. Em nota, o presidente da Casa disse que vai se posicionar em momento oportuno.

Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
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