A Comissão Processante formada para analisar a denúncia que pode culminar na cassação do presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) decidiu dar continuidade às investigações. O martelo foi batido nesta segunda-feira (25), após a vereadora Professora Marli (PP), relatora do caso, apresentar parecer prévio
Agora que a apuração vai prosseguir, Janaína Cardoso, presidente da Comissão Processante, terá a tarefa de determinar a convocação de testemunhas para a tomada de depoimentos. Gabriel Azevedo e a deputada federal Nely Aquino (Podemos), autora da denúncia contra o chefe do Legislativo belo-horizontino, vão poder indicar pessoas para prestar informações a respeito do caso.
Segundo Janaína, haverá tratamento isonômico aos dois lados. “Todos terão direito de fala, mesmo porque queremos ouvir todo mundo”, disse.
Nely acusa Gabriel
No pedido de cassação, a deputada federal reclama de agressões verbais a outros vereadores, como Flávia Borja (PP) e Wagner Ferreira (PDT), e questiona a conduta de Gabriel diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lagoa da Pampulha.
Ao questionar a conduta do presidente da Casa, na CPI, Nely acusa o presidente da Câmara de “atuação irregular”. Segundo ela, quando dois integrantes da comissão renunciaram aos assentos que ocupavam no comitê, o presidente da comissão, Juliano Lopes (Agir), é quem deveria indicar os substitutos. Os nomes, porém, foram apontados por Gabriel.
“Há justa causa no que foi trazido pela denúncia, ou seja, há lastro probatório mínimo indispensável para o seu regular prosseguimento pela Comissão Processante, sendo certo que a presente decisão de prosseguimento não implica constatação da materialidade dos fatos, muito menos confere juízo de autoria daquilo que foi narrado na denúncia”, lê-se em trecho do relatório preliminar de Professora Marli.
Suspeição rejeitada
Durante a reunião da Comissão Processante, Janaína Cardoso e Iza Lourença rejeitaram a queixa de Gabriel sobre uma possível suspeição de Marli. Isso porque a vereadora do PP é mãe do secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro (PP). Aro detém influência sobre um grupo de parlamentares da Câmara de BH. Essa coalizão, chamada de “Família Aro”, votou favoravelmente à abertura do processo de investigação contra o presidente do Legislativo.
Segundo Janaína Cardoso, Marli tem de continuar como relatora da investigação porque foi sorteada para ocupar a função, como pede o Regimento Interno da Câmara.
“A Professora Marli, se tivesse algum problema, não deveria ter o nome no sorteio. Se o nome dela estava no sorteio, é porque a Casa aceita que ela seja a relatora, sim. Não há porque Iza e eu barramos uma coisa feita democraticamente. Todo mundo estava ali para ser sorteado”, defendeu.
A equipe do presidente da Câmara de BH emitiu comunicado para comentar a aprovação do relatório preliminar de Professora Marli.
“Sobre a decisão das vereadoras da Comissão Processante que votaram favoráveis ao relatório da vereadora professora Marli (PP), o presidente Gabriel, sem partido, segue aguardando o andamento dos trabalhos da Comissão. E reafirma que as acusações são improcedentes”, aponta o comunicado enviado à imprensa.