Agentes da Polícia Federal (PF) cumprem, nesta terça-feira (12), mandados de busca e apreensão ligados a uma suposta fraude na verba destinada ao Gabinete de Intervenção Federal (GIF) que atuou em 2018, no Rio de Janeiro. O objetivo é apurar se foram cometidos crimes na contratação, por parte do governo federal, de uma empresa estadunidense especializada em fornecer coletes à prova de bala, que teriam sido comprados por preços acima dos praticados no mercado.
Foram expedidos, ao todo, 16 mandados. As ordens são cumpridas por policiais no Rio de Janeiro, em Minas Gerais (MG), no Distrito Federal (DF) e em São Paulo (SP). Cálculos indicam sobrepreço de R$ 4,6 milhões.
A empresa estadunidense citada na investigação forneceu 9.360 coletes balísticos. Há suspeita de de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa. Os crimes teriam sido cometidos por servidores federais.
A intervenção federal foi deflagrada para conter uma crise na Segurança Pública do Rio de Janeiro em 2018. A operação, iniciada por meio de decreto do então presidente Michel Temer (MDB), terminou em dezembro daquele ano.
O interventor, Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente pelo PL no ano passado, teve, segundo o portal g1, o sigilo telefônico quebrado. Apesar de investigado, ele não é alvo dos mandados cumpridos nesta terça.
Em nota, Braga Netto disse que todas as contratações do gabinete de intervenção “seguiram absolutamente todos os trâmites legais”. Segundo ele, o contrato com a empresa responsável pelos coletes foi suspenso após serem constatadas irregularidades na documentação encaminhada pela fornecedora.
“Os coletes não foram adquiridos ou tampouco entregues. Não houve, portanto, qualquer repasse de recursos à empresa ou irregularidade por parte da Administração Pública. O empenho foi cancelado e o valor total mais a variação cambial foram devolvidos aos cofres do Tesouro Nacional”, lê-se em trecho de nota encaminhada à reportagem.
Cooperação internacional
Informações divulgadas pela PF dão conta que a investigação em torno dos coletes balísticos teve a cooperação da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI), dos Estados Unidos da América.
As suspeitas das autoridades estadunidenses surgiram em meio às investigações do assassinato de Jovenel Moises, então presidente do Haiti, em julho de 2021. A empresa que forneceu os coletes balísticos à intervenção no Rio foi a mesma que atuou na entrega da logística militar necessária para a derrubada de Moises — que culminou na ascensão de Christian Sanon, um cidadão americano-haitiano.