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Em proposta enviada a Zambelli, hacker promete trabalhar com ferramenta “essencial à democracia“

Em documento de dez páginas, Walter Delgatti afirma que sua missão é estabelecer conexão da deputada com a sociedade e tomadores de decisão

Em proposta oficial de trabalho que teria sido enviada à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o hacker Walter Delgatti Neto afirma que seu trabalho consiste em desenvolver “ferramenta de dados essenciais para a democracia”.

O documento, ao qual a CNN teve acesso, chama a atenção pelo fato de o próprio Delgatti ter dito, durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investia os atos criminosos do dia 8 de janeiro, ter sido contratado pela parlamentar para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Ainda segundo a proposta de trabalho de dez páginas, Delgatti usaria de ciência de dados, sociologia, análise jurídica e ciência política para atuar nas redes sociais da deputada federal. A missão final do hacker com o trabalho para Zambelli seria “estabelecer uma conexão entre a sociedade e os tomadores de decisão”.

O hacker promete ainda o monitoramento de Twitter (atual X), Facebook, Instagram e demais redes, com análise em tempo real “de qualquer assunto”. Segundo o documento, o trabalho seria realizado por 60 dias e o pagamento da deputada para Delgatti seria no valor de R$ 10 mil.

A proposta vem sendo usada por pessoas ligadas à Carla Zambelli em uma tentativa de afirmar que o contato entre a parlamentar e o hacker teria sido somente com fins profissionais e lícitos. No entanto, a Polícia Federal (PF) afirmou que Delgatti recebeu pelo menos R$ 13,5 mil de assessores da deputada federal, valor maior do que o informado na proposta.

Em um último depoimento prestado à PF, Delgatti aumentou o valor ainda mais e disse ter recebido de Zambelli e pessoas próximas a ela cerca de R$ 40 mil para invadir o sistema do CNJ. Do montante, R$ 13 mil foram em movimentações bancárias e o restante teria sido pago em dinheiro vivo.

A CNN entrou em contato com a defesa de Walter Delgatti que, até a publicação desta reportagem, não se manifestou sobre a proposta de trabalho que teria sido enviada a Zambelli.

A assessoria da deputada disse que confirma que “a proposta em questão foi recebida pela sua coordenação de campanha, e na sequência encaminhada à empresa responsável por suas mídias sociais”. Para ela, isso “corrobora seus argumentos de que os únicos serviços prestados foram referentes a manutenção e gestão de páginas eletrônicas, o que se concretizou mediante subcontratação”, acrescentando que o acerto foi “posteriormente suspenso em razão da ausência de conclusão dos serviços pelo contratado”.

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