O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (19) que o cidadão que supostamente agrediu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é um “animal selvagem e não um ser humano”.
“Nós precisamos punir severamente pessoas que ainda transmitem ódio, como o cidadão que agrediu o ministro Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma. Um cidadão desses é um animal selvagem, não é um ser humano”, afirmou Lula.
Ele afirmou ainda que as pessoas não podem “xingar e ofender” quem pensa diferente. “Essa gente que renasceu no neofascismo colocado em prática no Brasil tem que ser extirpada, e nós vamos ser muito duros com essa gente para eles aprenderem a voltar a serem civilizados. Queremos paz, trabalho, emprego, educação, saúde e viver bem”, continuou o presidente.
Relato do ministro
Alexandre de Moraes ministrou uma palestra no Fórum Internacional de Direito, na Universidade de Siena, na última semana. Na sexta-feira (14), estava acompanhado da família no aeroporto internacional de Roma, quando foi confrontado por brasileiros, segundo relatou o ministro à PF.
Os insultos teriam começado por volta das 18h45, no horário local, ainda de acordo com a corporação.
Uma mulher hostilizou Moraes, chamando-o de “bandido, comunista e comprado”. Outro deu coro aos insultos e, logo depois, chegou a agredir fisicamente o filho do ministro, segundo a PF. Um terceiro homem juntou-se aos dois agressores, proferindo palavras ofensivas.
Os três brasileiros foram identificados pela PF no aeroporto de Guarulhos, mas não foram detidos. São eles: Alex Zanatta Bignotto, Roberto Mantovani Filho e Andreia Mantovani. Eles são investigados em inquérito por crimes contra honra e ameaça.
Versão dos acusados
Em depoimento à Polícia Federal no domingo (16), Alex Zanatta Bignotto negou ter hostilizado Moraes ou agredido fisicamente o filho do magistrado. A informação foi repassada pelo advogado Ralph Tórtima, responsável pela defesa dos envolvidos.
Além disso, Alex informou ao representante anteriormente que não estava perto de Moraes no momento da hostilização, e que se aproximou para apartar a confusão.
Em depoimento à PF nesta terça-feira (18) Roberto Mantovani negou ter havido agressão, pontuando que teria “afastado” o filho do ministro para tentar tirá-lo de perto da esposa, que estaria recebendo ofensas do jovem.
Tórtima alega ainda que, segundo o depoimento, o empresário “viu o ministro, comentou com a família que estava ali, mas o ministro estava de costas e imediatamente adentrou a sala VIP [do aeroporto]”. “Ele não teve qualquer contato, não trocou nenhuma palavra com o ministro Alexandre de Moraes.”
Na versão repassada pelo advogado, “o senhor Roberto não presenciou ninguém hostilizando o ministro”, mas “havia brasileiros, barulho, gente filmando o ministro” quando ele passou pela sala VIP.
Em nota na noite desta terça-feira (18), a defesa pontuou que os suspeitos “não visualizaram ou encontraram o Ministro Alexandre de Moraes, bem como qualquer familiar seu, na área de embarque do aeroporto de Roma”.
Ainda segundo o documento, isso estaria constatado na representação do ministro, o que demonstraria que “são outras” que supostamente hostilizaram o ministro.
Além disso, explicam que “por razões outras, desvinculadas do seu cargo e, também, sem qualquer conotação política” houve discussão entre Andréia, dois jovens, uma mulher e um homem, que, somente quando chegaram ao Brasil, souberam que seria o filho do magistrado.
O jovem teria desrespeitado Andréia, “com ofensas extremamente pesadas”, só parando com intervenção de Moraes, que o teria conduzido à sala VIP, ainda de acordo com a nota da defesa.