A fala do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), de que ele “enfrentou o bolsonarismo” durante a abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) irritou vários deputados bolsonaristas.
Os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendem o impeachment do ministro do Supremo e acusam Barroso de ter “escancarado sua tendência político-partidária”.
Na quarta-feira (12), após ser vaiado por estudantes, ele afirmou: “Já enfrentei a ditadura e já enfrentei o bolsonarismo, não me preocupo”. Em seguida afirmou que respeita as discordâncias, uma vez que elas fazem parte da democracia. “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, concluiu.
O deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL) usou suas redes sociais para criticar a fala de Barroso e cobrar a destituição do ministro.
“A oposição entrará com processo de impeachment contra Barroso por cometer crime de ‘exercer atividade político-partidária’, previsto no art. 39, da lei 1079/50. Se, por um milagre, houver justiça neste país, a perda do cargo é inegável”, escreveu Nikolas.
O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou que o posicionamento de Barroso fere a Constituição e por isso deve ser discutido no Senado. “Isso é normal? Escrachou de vez? Imagine um ministro do STF dizendo numa palestra que eles ‘derrotaram o lulo-petismo’. A oposição entrará com processo de impeachment contra Barroso por cometer crime de “exercer atividade político-partidária”, previsto no art. 39, da lei 1079/50”, escreveu Jordy.
O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, afirmou que o ministro deixou claro que atuou para favorecer o PT na eleição de 2022.
“Aparentemente o PT teve mais aliados do que imaginávamos. Esse é o Twitter. ‘Nós derrotamos o bolsonarismo”, diz Barroso em evento da UNE’”, escreveu o parlamentar.
Explicação de Barroso
Por meio de nota, a assessoria do STF informou que o “ministro Luís Roberto Barroso, o Ministro da Justiça, Flavio Dino, e o Deputado Federal Orlando Silva estiveram juntos, no Congresso da UNE, para uma breve intervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio. Todos eles participaram do Movimento Estudantil na sua juventude. Apesar do divulgado, os três foram muito aplaudidos. As vaias - que fazem parte da democracia - vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”, diz a nota.