Na chegada a Brasília após passar a sexta-feira (30) em Belo Horizonte, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de torná-lo inelegível até 2030 o “aniquilou politicamente” devido à idade. Bolsonaro poderá voltar a disputar a eleição presidencial apenas em 2030, quando terá 75 anos.
“Só uma coisa para vocês, já que pelo TSE eles me aniquilaram politicamente, já que estou com 68 anos de idade. Qual foi a acusação? Reunião com embaixadores para discutir um inquérito de 2018”, disse o ex-presidente à imprensa ao desembarcar do avião.
Apesar da fala, Bolsonaro evitou indicar possíveis sucessores ao longo do desta sexta-feira. Em entrevista à Itatiaia pela manhã, ele disse que os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), são bons nomes, mas apenas para a eleição de 2030. Questionado sobre Michelle Bolsonaro, o ex-presidente afirmou que ela deve disputar um cargo no Legislativo.
Bolsonaro sugeriu ainda que o inquérito da Polícia Federal em 2018 teve como objetivo persegui-lo. “O que [o inquérito] visava apurar? Visava apurar possíveis irregularidades na eleição de 2018. Por que o TSE determinou que a PF instaurasse o inquérito? Porque teve denúncia de irregularidades e eu havia ganho a eleição no 2º turno”, acrescentou.
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Bolsonaro esteve em Belo Horizonte para o enterro do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli. Em seguida, almoçou com aliados, momento em que o TSE formou maioria para condená-lo, e depois cortou cabelo em um salão no bairro Ermelinda, na região Noroeste da capital.
Condenação
Mais cedo, o TSE condenou Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pelo placar de 5 votos a 2 — apenas Nunes Marques e Raul Araújo votaram pela absolvição do ex-presidente.
A ação do PDT se baseou em um encontro de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros em julho de 2022, meses antes da eleição. Na reunião transmitida pela TV Brasil, canal público de comunicação, o então presidente da República atacou o sistema eleitoral do país e pôs em xeque a segurança das urnas eletrônicas.
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De pé em uma tribuna, ele apresentou slides durante cerca de 45 minutos contendo trechos do inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) em 2018 para investigar uma invasão de hacker ao sistema do TSE. Na ocasião, Bolsonaro também ofereceu, por duas vezes, enviar cópias das investigações para os embaixadores.
A denúncia citada por ele é antiga e já foi esclarecida pela própria Corte. O TSE indicou que a invasão não gerou risco à integridade das eleições de 2018 e detalhou que depois que o código-fonte dos programas é lacrado eletronicamente, não podendo sofrer qualquer alteração. Em relação às urnas, o tribunal lembrou que elas não são conectadas à internet e, portanto, não podem ser invadidas por agentes externos.