Antigo aliado político de Jair Bolsonaro (PL), o senador mineiro Carlos Viana (Podemos) criticou o julgamento da ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode tornar o ex-presidente inelegível por oito anos.
Ministros recomeçam a votação nesta quinta-feira (29), dois dias após o voto do relator, ministro Benedito Gonçalves, que em cerca de 400 páginas defendeu a punição para Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião com embaixadores estrangeiros às vésperas da corrida eleitoral no ano passado.
Com a decisão do relator e frente à possível negativa do ministro Raul Araújo em pedir vistas e adiar o julgamento por trinta dias, Viana acredita que Bolsonaro será condenado à inelegibilidade por oito anos — o que, portanto, o impediria de participar de qualquer disputa eleitoral pelo período determinado. O mineiro defendeu o ex-presidente e alegou também que o político do PL é alvo de perseguição política.
“O TSE é um tribunal político e hoje está, de certa forma, até perseguindo o ex-presidente. Ele pode ter errado, mas qualquer ser humano que sofre a pressão que ele sofreu sendo presidente da República cometeria erros”, argumentou. “Eu lamento que uma decisão de inelegibilidade demonstre claramente uma questão de vingança política”, concluiu.
Tensão Viana-Bolsonaro
Viana participava da cerimônia de filiação da senadora Soraya Thronicke ao Podemos, seu atual partido, pouco antes de tecer as declarações sobre o julgamento do ex-presidente. O parlamentar mineiro migrou para a sigla ainda no início deste ano após alegar ter se sentido “traído e abandonado” por Jair Bolsonaro durante a corrida eleitoral por Minas Gerais em outubro passado.
À época, Viana integrava o PL e disputou o governo estadual pela sigla, a mesma pela qual Bolsonaro saiu candidato à reeleição. Entretanto, o senador não recebeu o apoio esperado do político, que optou por indicar Romeu Zema (Novo) como seu preferido para o cargo.