Após críticas de clubes e do Governo de Minas, grandes shows vão deixar de ser realizados no gramado do Mineirão a partir deste segundo semestre. A informação foi apurada pela Itatiaia junto aos principais produtores de eventos de Minas Gerais e confirmada pela Minas Arena, responsável pela administração do Gigante da Pampulha.
Eventos no gramado vão “caber nos dedos das mãos”, garantem fontes ouvidas pela reportagem.
A partir da próxima semana, alguns dos principais empresários do segmento de eventos começarão a divulgar, nas redes sociais, a transferência de eventos para outros espaços em Belo Horizonte e até mesmo na região metropolitana. Isso irá se intensificar a partir dos meses de julho e agosto.
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Os produtores anteciparam para à reportagem que shows com lotação acima de 30 mil pessoas podem ser transferidos para o ExpoMinas, na região Oeste da capital mineira, e para o Mega Space, em Santa Luzia, na Grande BH.
Entre os locais preferidos dos produtores para abrigar os eventos de pequena e média capacidade, com público entre 7 mil e 15.000 pessoas, estão o Parque Ecológico da Pampulha e o espaço Star 415, uma nova área de eventos que fica no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, também na Grande BH.
Por se tratar de um show internacional e de grandes proporções, a apresentação de Roger Waters está mantido para o dia 8 de novembro, no Mineirão. O evento, que promete reunir 60 mil pessoas, vai utilizar gramado e arquibancadas do Gigante da Pampulha.
Com exceção deste e de poucos outros, todos os demais serão retirados no gramado. Há um esforço da Minas Arena para transferir os shows para a Esplanada e área de estacionamento do Mineirão. No entanto, produtores nos disseram que a área não é adequada para receber eventos que podem ter público próximo de 50 mil pessoas.
“Um grande evento meu não será mais realizado no Mineirão. Neste caso, o martelo já está batido. Ele terá que ser transferido para outro local. Nos próximos dias, eu vou divulgar o novo local”, disse um dos produtores, que preferiu não se identificar.
Em casos mais extremos, por falta de datas ou até infraestrutura adequada em outros locais, há grandes eventos previstos para o segundo semestre que serão cancelados.
“Os meus eventos são para 50 mil pessoas. Não dá pra transferir para outro lugar. Shows desse tipo, eu vou cancelar. Eu vou transferir os eventos menores”, disse outro grande empresário do segmento de eventos.
Há empresários que estão optando até mesmo por reduzir o número de eventos. Alguns produtores nos disseram que planejavam realizar entre três e cinco eventos no Mineirão, agora vão realizar apenas um.
Minas Arena sob pressão
A Minas Arena adotou essa postura, após uma enxurrada de críticas de torcedores e clubes de futebol sobre a má qualidade do gramado do Mineirão.
No dia 20 de abril deste ano, em uma reunião do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer, o secretário de Infraestrutura de Minas Gerais, Pedro Bruno, foi taxativo ao dizer que o futebol voltaria a ter protagonismo no Mineirão. Nessa quarta-feira (21), a pasta notificou a Minas Arena por causa do gramado deteriorado do Mineirão.
Defensor do rompimento do contrato do Governo do Estado com a Minas Arena, o deputado professor Cleiton, do PV, preocupado com a má qualidade do gramado, entrou com uma ação na Justiça contra a Minas Arena.
“O contrato estabelece que uma das prerrogativas de manutenção da parceira é que a Minas Arena mantenha o patrimônio - inclusive o gramado - altamente necessário para a prática daquilo que é a finalidade social mais importante do Mineirão: que é abrigar jogos de futebol. A Minas Arena se mostrou incompetente no que diz respeito a conciliar eventos com a atividade esportiva”, afirmou o parlamentar.
O que diz a Minas Arena
Procurada, a Minas Arena confirmou que os eventos estão sendo retirados do gramado do Mineirão. Com a volta do Cruzeiro e do Atlético passando a jogar mais no Gigante da Pampulha, a Minas Arena afirma que tem feito esforços para readequar a agenda de eventos programados com os jogos de futebol posteriormente indicados pelos clubes para o estádio.
A empresa também confirmou a intenção de transferir os shows para outros locais como esplanada e estacionamentos.
“O planejamento tardio dos jogos de futebol afetará a agenda cultural que preencheria a ociosidade do gramado. O calendário está em reavaliação e sendo analisado caso a caso, uma vez que a agenda e a formatação dos eventos é muito diversa. O Mineirão, por sua vez, se mantém como uma plataforma multiuso que continuará desenvolvendo a indústria criativa, recebendo jogos de futebol e eventos culturais”, disse a concessionária por meio de nota.
Questionada sobre os prejuízos causados ao gramado pelo alto volume de shows, a Minas Arena ressaltou que o planejamento tardio dos jogos pelos clubes trouxe desafios no uso intensivo do gramado, principalmente nos últimos 3 meses.
O que diz o Governo de Minas
Em nota, o Governo de Minas ressaltou que acompanha de perto a situação do gramado e já solicitou da Minas Arena providências para garantir a conservação da grama para atender aos jogos de futebol. Mas ressaltou que não houve, por parte do estado, nenhuma solicitação de cancelamento de eventos.