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Comissão da ALMG aprova projeto que proíbe mulheres trans em competições esportivas

Texto do deputado Bruno Engler (PL) passou pela Comissão de Constituição e Justiça sob críticas da esquerda

Texto apresentado por Engler estabelece “sexo biológico” como regra para as atividades

Deputados estaduais da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia de Minas aprovaram, nesta terça-feira (30), projeto de lei (PL) que proíbe a participação de mulheres transexuais em competições esportivas no estado. Na prática, o texto, apresentado por Bruno Engler (PL), estabelece o “sexo biológico” como regra para as atividades.

A CCJ aprovou a proposta sob protestos da bancada de esquerda, que critica a ideia. Agora, o tema vai ser debatido por outras comissões temáticas da Assembleia e, depois, será votado pelo conjunto de parlamentares em plenário em dois turnos.

À Itatiaia, Engler afirmou que a ideia não é questionar o poder de cada adulto se autodeterminar perante a sociedade.

“Do ponto de vista físico, a gente sabe que uma pessoa que se desenvolveu com índices altíssimos de testosterona e que tem a estruturas muscular e óssea formadas do sexo masculino não compete em condições de igualdade com mulheres biológicas”, defendeu.

A comissão aprovou o texto por seis votos a um. Doutor Jean Freire, do PT, apresentou emenda para garantir que o projeto não desrespeitasse o artigo da Constituição Federal sobre igualdade e liberdade. O movimento, porém, foi rejeitado pela maioria dos componentes da CCJ.

“Em muitos momentos, dá certo cansaço e desânimo ter de dialogar com essas posturas ideológicas que, sabemos, trazem outros conceitos e algo que parece lutar contra as minorias. Essa é a impressão que dá", lamentou.

Comissão de Direitos Humanos pode ser barreira

Antes de chegar ao plenário para o primeiro turno de votação, o projeto será analisado pelo comitê de Esporte, Lazer e Juventude. Depois, será a vez do colegiado de Direitos Humanos, cuja maioria dos assentos é ocupada por parlamentares à esquerda.

Embora admita a possibilidade de a Comissão de Direitos Humanos recomendar a rejeição à ideia, Bruno Engler crê que será possível conseguir a aprovação em plenário.

“Tenho a tranquilidade de que a maioria dos deputados vai querer preservar os esportes femininos e os direitos das mulheres de competir com isenção”, projetou.

Jean Freire evitou detalhar as articulações da bancada de esquerda para barrar a ideia, mas disse que as conversas vão girar em torno da Constituição.

Nos bastidores, a avaliação é que o projeto passou pela CCJ por 6 a 1 porque os deputados do colegiado se debruçaram apenas sobre a constitucionalidade e a legalidade da ideia, deixando a análise do teor da proposta para as próximas comissões.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.