Ouvindo...

Passagem de ônibus em BH volta a R$ 4,50? Aumento da tarifa completa um mês

Projeto que tramita na Câmara prevê redução do preço para R$ 4,50 mediante subsídio de R$ 512 milhões e lista contrapartidas

Há um mês, usuários de ônibus de Belo Horizonte passaram a pagar R$ 6,00 na tarifa

No dia 23 de abril, a passagem de ônibus em Belo Horizonte aumentava 33% - passando de R$ 4,50 para R$ 6,00. O impacto do reajuste afeta usuários do transporte público, que precisam gastar mais para poderem se deslocar pela cidade, e empresários, que sofrem com aumento dos custos do transporte para os funcionários.

Nesta quinta-feira, 25 de maio, um acordo entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a Câmara Municipal garantiu que o preço da tarifa retornará ao patamar de R$ 4,50.

O recuo da passagem de R$ 6 para R$ 4,50 - preço cobrado até o dia 22 de abril na capital mineira - depende da autorização, por parte do Legislativo municipal, de um projeto de lei que autoriza a prefeitura a destinar um subsídio de R$ 512,8 milhões para as empresas de ônibus. O recurso é necessário para garantir o custeio do serviço sem pesar sobre o bolso do cidadão.

No ano passado, a Câmara Municipal aprovou um subsídio de R$ 240 milhões para que as concessionárias aumentassem em seis mil o número diário de viagens em Belo Horizonte.

Veja: 8106: como é a viagem na linha de ônibus mais longa de Belo Horizonte?

Dessa vez, a negociação envolve o repasse de R$ 512,8 milhões. O projeto que tramita na Câmara Municipal - ainda sem previsão de votação em plenário - elenca uma série de contrapartidas, como garantia de tarifa zero nas vilas e favelas e o auxílio transporte para mulheres em situação de violência doméstica e usuários do sistema público de saúde.

No mesmo lado da mesa de negociações, ao longo de todo esse processo, o prefeito Fuad Noman (PSD) e o presidente da Câmara Municipal, vereador Gabriel Azevedo (sem partido) trocaram farpas e acusações sobre a falta de solução para que a passagem volte ao patamar anterior.

“Está demorando tanto porque a prefeitura desperdiçou um ano de subsídio emergencial onde essa discussão poderia ter sido organizada para que a passagem não tivesse subido”, diz o parlamentar.

A prefeitura, por sua vez, diz que enviou à Câmara de BH um projeto de lei para garantir o pagamento de um subsídio de R$ 476 milhões ainda em março, mas o texto não foi votado pelo Legislativo. O valor acabou sendo atualizado para R$ 512 milhões na última reunião entre representantes dos dois Poderes.

Como a passagem de ônibus em BH pode voltar a R$ 4,50?

Na última semana, uma reunião entre o prefeito Fuad Noman (PSD), o presidente da Câmara Municipal, vereador Gabriel Azevedo (sem partido) e representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) aproximou os lados envolvidos de uma proposta para que a tarifa volte aos R$ 4,50.

Para isso, os empresários concordaram com o pagamento de um subsídio de R$ 512 milhões. No início do mês, o Setra-BH havia pedido um repasse muito maior: R$ 740 milhões.

Mas há um impasse com relação ao valor: a prefeitura afirma que tem, disponíveis, cerca de R$ 330 milhões para custear o subsídio - ou seja, R$ 182 milhões a menos que o necessário. No entanto, a Secretaria Municipal de Fazenda ficou de indicar possibilidades para aumentar a margem orçamentária destinada ao transporte público de BH e a Câmara se comprometeu em aprová-las.

“A prefeitura está trabalhando nesse esforço de chegar no preço da passagem. A ideia é tentar encontrar mais alguma coisa no orçamento. Estou pleiteando com o vereador uma ajuda e ver se consegue juntar todos os recursos disponíveis e chegar a um número adequado”, disse Fuad Noman ao fim da reunião realizada na última semana.

Até o momento, questionada pela reportagem desde a última semana, a pasta ainda não informou quais projetos seriam esses. Também não foi agendada uma reunião entre o secretário municipal, Leonardo Colombini, e Azevedo.

“O prefeito colocou na mesa para subsidiar R$ 330 milhões e eu tive uma conversa com o secretário de Fazenda que falou que é possível manejar o orçamento e chegar nesse dígito. O fato é que os 41 vereadores não aceitam valor acima de R$ 4,50", diz Gabriel.

Outra alternativa é que a própria Câmara utilize recursos do Legislativo para complementar o valor, conforme publicou o parlamentar em uma rede social.

O primeiro passo para a aprovação do subsídio está marcado para esta terça-feira (23), quando a Comissão de Legislação e Justiça, comandada pelo vereador Irlan Melo (Patriota), votará o relatório apresentado por ele para viabilizar a autorização do subsídio. O parlamentar indicou que apresentará emendas ao texto, que será avaliada pelos vereadores no plenário da Casa.

“Encontrei inconstitucionalidades no texto, mas estou apresentando emendas para corrigi-las. Inclusive, estou apresentando emendas para suprir eventuais ilegalidades que existem no projeto”, disse Irlan ao confirmar que a votação do parecer, em primeiro turno, está marcado para esta terça-feira (23).

Caso os Poderes Legislativo e Executivo consigam chegar aos recursos necessários para o pagamento do subsídio e o projeto seja aprovado, a tarifa retorna ao valor de R$ 4,50.

Qual o prazo para a passagem baixar?

Tanto a prefeitura como a Câmara Municipal não citam prazo para uma redução no valor da passagem de ônibus em BH para R$ 4,50. A reportagem apurou, no entanto, que os vereadores pretendem aprovar o subsídio de R$ 512 milhões até o fim da primeira quinzena de junho. Com o texto aprovado e sancionado pelo prefeito Fuad Noman, a tarifa é reduzida.

Quais contrapartidas prevê o projeto de subsídio?

Com o valor de R$ 512 milhões para o subsídio acordado entre prefeitura, Câmara e Setra-BH, o Legislativo vai avaliar um texto substitutivo que atualiza o valor do repasse e impõe uma série de condições para que as empresas possam, de fato, receber os recursos.

De um lado, há a previsão de uma série de contrapartidas, como tarifa zero para vilas e favelas, passe livre estudantil, passe da saúde, passe da mulher e passe social. Todas essas alterações custarão R$ 7,3 milhões. As empresas devem, ainda, aumentar em 10% o número de viagens e a inserção de 420 novos veículos na frota que circula no município.

De outro lado, as empresas poderão ter os recursos descontados caso não cumpram requisitos de manutenção, limpeza e uso do ar-condicionado. O texto garante, ainda, que só serão computadas para pagamento, as operações das linhas de ônibus que tiverem Ordem de Serviço emitidas e autorizadas pela Superintendência de Mobilidade Urbana (Sumob).

Confira as contrapartidas:

Tarifa Zero em vilas e favelas

Outra contrapartida prevista no substitutivo é a instituição de um programa de tarifa zero para as linhas que circulam em vilas e favelas de Belo Horizonte.

Vale Transporte da Saúde

Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que estiverem usando o sistema de transporte público para consultas ou procedimentos médicos serão isentas do pagamento das tarifas. O programa prevê, ainda, prioridade para pacientes em tratamento de câncer.

Auxílio de Transporte Social

Outra contrapartida prevista no projeto de lei beneficia famílias em situação de extrema vulnerabilidade social e econômica. Elas terão direito a créditos no cartão BHBus inclusão social. O objetivo é “garantir o deslocamento, promover a integração social e gerar melhor oportunidade de mobilidade às famílias em situação de extrema pobreza, no acesso ao serviço público de transporte coletivo convencional e suplementar no município”.

Auxílio Transporte Mulher

O substitutivo também prevê que mulheres em situação de violência doméstica e familiar tenham direito a passes gratuitos no deslocamento entre suas casas e a rede de Serviços de Atendimento às Mulheres.

Tem mais de 27 anos de experiência jornalística, como gestor de empresas de comunicação em Minas Gerais. Já foi editor-chefe e apresentador de alguns dos principais telejornais do Estado em emissoras como Record, Band e Alterosa, além de repórter de rede nacional. Foi editor-chefe do Jornal Metro e também trabalhou como assessor de imprensa no Senado Federal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no Sesc-MG. Na Itatiaia, onde está desde abril de 2023, André é repórter multimídia e apresentador.
Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.