A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) teve o microfone cortado durante uma fala na sessão da CPI do MST, nesta terça-feira (23), na Câmara dos Deputados, pelo presidente Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS). A parlamentar lia uma notícia sobre investigação do deputado por suposto patrocínio ou incentivo a atos antidemocráticos, quando foi interrompida.
“Também me inscrevi para dar uma notícia que acabou de sair na imprensa: Moraes autoriza PF a retomar investigação do presidente da CPI do MST pela participação em atos antidemocráticos”, leu a deputada do PSOL. “Até agora o senhor estava dizendo que isso era uma mentira, uma ofensa...”, completava, quando teve o microfone cortado.
Neste momento, Zucco disse que não iria “permitir ataques pessoais”.
“Sobre essa nota, já tinha sido publicado e isso não é pauta dessa CPI”, completou antes de passar a palavra a outro deputado.
Sâmia retomou a palavra em outro momento e voltou no tema, alegando que teve o direito de fala interrompido e que não ofendeu ninguém.
“Uma coisa é fazer interrupções, pedir para que os deputados tenham conduta adequada quando há ofensas. Eu não estava fazendo nada disso, presidente. Estava lendo uma reportagem da imprensa. Na manchete não havia nenhuma ofensa a você ou aos membros dessa CPI. Havia um fato, de que o ministro Alexandre de Moraes autorizou que a Polícia Federal seguisse com as investigações sobre você ter participado das convocações dos atos golpistas”, afirmou.
“Eu indefiro a sua fala, deputada”, voltou a interromper, o deputado Tenente-Coronel Zucco
Investigação contra o presidente da CPI do MST
Escolhido presidente da CPI do MST, o deputado federal Tenente-Coronel Zucco era deputado estadual no Rio Grande do Sul quando teria compartilhado uma postagem em uma rede social convocando bolsonaristas a protestaram em frente ao Comando Militar do Sul, após bloqueios nas rodovias do estado contra o resultado das eleições de 2022 - em que seu candidato, Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Eleito deputado federal e com foro privilegiado por prerrogativa de função, Zucco teve o processo remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No dia 17 de maio, Moraes determinou que os autos fossem encaminhados à Polícia Federal “para continuidade das investigações”.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Zucco estaria “perpetrando crimes mediante patrocínio e incentivo a atos antidemocráticos, seja em território gaúcho, seja na cidade de Brasília/DF”.