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Após ordem de Moraes, Telegram publica ‘retratação’ sobre PL das Fake News

Plataforma postou novo texto em que diz que mensagem compartilhada caracterizou ‘ilícita desinformação’

Telegram publicou novo texto sobre PL das Fake News após decisão de Alexandre de Moraes

A plataforma de troca de mensagens instantâneas Telegram enviou aos usuários na tarde desta quarta-feira (10) um texto de “retratação” sobre uma postagem contra o PL das Fake News. O conteúdo foi publicado após uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinar a suspensão das atividades da plataforma se não houvesse a publicação de uma retratação em até 72 horas.

No comunicado, o aplicativo informa que a mensagem anterior caracterizou “flagrante e ilícita desinformação atentatória ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, ao Estado de Direito e à Democracia Brasileira”.

O texto, que consta na decisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, mais cedo, também diz que a publicação “distorceu a discussão e os debates sobre a regulação dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada (PL 2630), na tentativa de induzir e instigar os usuários à coagir os parlamentares.”

A publicação do Telegram foi enviada nesta terça-feira (9) à base de usuários ativos da plataforma - cerca de 40 milhões em todo o país. O texto, que atingiu cerca de 1 milhão de pessoas em apenas seis horas, conforme dados da própria plataforma, foi excluída após decisão do ministro do STF.

Telegram contra PL das Fake News

Nesta terça-feira (10), o Telegram enviou à sua base de usuários no Brasil um texto que dizia que o Brasil está prestes a aprovar uma nova legislação - referindo-se ao PL das Fake News - que “irá acabar com a liberdade de expressão”. A mensagem ainda diz que esse projeto de lei “dá poderes de censura” ao governo e é uma das legislações “mais perigosas” para os direitos humano fundamentais já consideradas no Brasil.

O texto compartilhado pela plataforma leva a um link que apontaria para um texto explicativo sobre a posição da empresa relacionada ao Projeto de Lei 2630, que tramita na Câmara dos Deputados e teve a votação adiada no início do mês.

A estratégia do Telegram é semelhante à utilizada por outras empresas, como o Google, que compartilhou um link na página principal do buscador contra o PL das Fake News. O projeto tem apoio do governo federal e da base do Executivo federal no Parlamento e é criticado pela oposição. Alterações no texto estão sendo discutidas na Câmara dos Deputados.

O Google foi notificado por “publicidade abusiva” pela Secretaria Nacional do Consumidor para para realizar uma ação de “contrapropaganda”, ou seja, comunicar os usuários o interesse comercial da empresa sobre o projeto e sinalizar os conteúdos publicitários publicados pela plataforma. O Google retirou o link de sua página principal após ser ameaçado de pagar uma multa de R$ 1 milhão por hora.

O Ministério Público Federal (MPF) também notificou Google e Meta - empresa que controla o Whatsapp, Instagram e Facebook - sobre o mesmo assunto. Para o órgão, as empresas de tecnologia fazem uma “ofensiva” contra o PL das Fake News, além das práticas normais em um debate público.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.