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CPI das Joias: deputados querem investigar denúncias sobre ‘presente’ barrado pela Receita

Dois parlamentares recolhem assinaturas para abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Deputados

Joias enviadas pelo governo da Arábia Saudita são avaliadas em R$ 16,5 milhões

Os deputados federais Rogério Correia (PT-MG) e Túlio Gadelha (Rede-PE) apresentaram um requerimento para colher assinaturas de outros parlamentares para subsidiar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias envolvendo tentativas do governo Bolsonaro de trazer joias de forma irregular para o Brasil. O caso é investigado pela Polícia Federal.

No pedido, que corre na Câmara dos Deputados, os parlamentares citam as denúncias reveladas pelo jornal Estado de S. Paulo na última semana de que um assessor do Ministério de Minas e Energia do governo Bolsonaro tentou entrar no país com um estojo com colar, relógio e um par de brincos avaliados em R$ 16,5 milhões sem declarar à Receita Federal. Os itens foram retidos por funcionários no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Michelle Bolsonaro se posiciona sobre de denúncia de joias trazidas ao Brasil de forma irregular: ‘não estava sabendo’

De acordo com a Receita Federal, não houve tentativa do governo Bolsonaro de regularizar a entrada das joias no país.

O governo fez, ao menos, oito tentativas para resgatar as joias, que seriam um presente do governo da Arábia Saudita à primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Um outro estojo com presentes, avaliados em R$ 400 mil, conseguiu passar pela Alfândega e ficou guardado no próprio ministério.

“Se não bastasse esta anormal conduta de membros do Poder Executivo, denúncias informam que o ex-Presidente Jair Bolsonaro teria levado o relógio em sua mudança do Palácio do Planalto como um bem próprio, fato que precisa ser mais bem verificado e que levanta questões sobre quais outros bens podem ter sido recebidos por Jair Bolsonaro enquanto Presidente da República e levados por este em sua mudança como bem pessoal”, diz trecho do requerimento.

CPI das Joias quer investigar venda de refinaria

Os deputados autores do pedido de criação da CPI também citam um outro episódio que poderia estar ligado ao caso das joias, a venda de uma refinaria localizada na Bahia. A estrutura foi vendida para os Emirados Árabes Unidos no final de novembro de 2021, um mês após a chegada das joias.

“Além disso, fato que pode se mostrar relevante no caso aqui tratado refere-se à reunião ocorrida entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o embaixador saudita Ali Abdullah Bahittam um dia antes da chegada irregular das joias no Brasil”, diz o pedido.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.