A investigação policial que levou Léo Burguês (União Brasil) a
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Nas escutas telefônicas, que estão em processo que corre sob sigilo de justiça,
“Diversas informações foram coletadas durante essas etapas, permitindo que se consolidasse material suficiente para que a Autoridade Policial representasse pela expedição de mandados de busca e apreensão para a residência de diversos investigados e para o gabinete de Léo Burguês na Câmara Municipal de Belo Horizonte”, diz o inquérito.
No dia 25 de agosto de 2020, os agentes da Polícia Civil deflagram operação para cumprir 19 mandados de busca e apreensão na gabinete de Léo Burguês na Câmara de BH e na casa do parlamentar e de assessores. Foram recolhidos dez computadores, pen drives e documentos impressos.
Com base no material apreendido os investigadores identificaram delitos de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
De acordo com o processo, “as interceptações telefônicas revelam ações de Léo Burguês solicitando vantagens indevidas para terceiros junto à administração pública municipal”. “Léo Burguês buscou tanto evitar quanto burlar a fiscalização municipal em empreendimentos irregulares de amigos”, diz o documento.
A investigação segue agora para análise do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que decidirá se apresenta a denúncia contra Léo Burguês ou se arquiva o processo.
Na manhã desta quinta-feira (9), o presidente da Câmara de BH, vereador Gabriel Azevedo (sem partido) e o procurador-geral da Câmara de BH, Marcos Amaral Castro, se reuniram com promotores do MP e com o delegado da Polícia Civil responsável pela investigação. Gabriel colocou a Câmara à disposição dos investigadores e do MP para colaborar com as apurações.
Compra de voto
O vereador Clayton Xavier (PMN) chegou a denunciar, em entrevista à Rádio Super, que Burguês tentou comprar seu voto para evitar a cassação. Burguês afirmou na Câmara que Gabriel “prendeu o vereador em um hotel” para conseguir vencer a eleição na Câmara.
“Burguês está tentando criar uma cortina de fumaça para tirar o foco das infrações que ele vem cometendo. Mas toda a cidade sabe quem é Léo Burguês. Ele tenta atacar o presidente da Câmara citando o meu nome. Mas ele foi indiciado pela Polícia Civil, um trabalho de excelência”, disse o vereador.
Xavier afirmou que durante a eleição da Mesa Diretora, Burguês e seu grupo político ofereceram dinheiro para que ele apoiasse outro candidato. “Fui incomodado, eu e minha família, por diversas pessoas do grupo dele, me oferecendo propina”, disse.
Outro lado
Burguês nega a prática de ‘rachadinha’ em seu gabinete e afirmou ao renunciar ao mandato de vereador que todos os funcionários ouvidos pela Polícia Civil negaram a prática. O parlamentar diz que o presidente da Câmara, vereador Gabriel Azevedo (sem partido) não conduziu o processo de cassação de forma isenta e por isso decidiu renunciar.
“Foi uma denúncia muito grande, uma investigação fora do normal, a investigação nasceu para tentar achar um crime”, afirmou Burguês. “Todas as pessoas, todos os meus funcionários que foram dar depoimento falaram que não devolvem dinheiro para mim. Perguntados se sabem de alguém que devolve dinheiro, eles falaram que não sabiam. Não há de se falar em rachadinha”, disse Burguês.
Perfil
Conhecido como Léo Burguês, Leonardo Silveira de Castro Pires começou sua trajetória política nos movimentos estudantis da PUC Minas e se tornou conhecido na capital mineira como empresário do ramo de entretenimento. Em outubro de 2000 se elegeu vereador pela primeira vez em 2000.
Burguês presidiu a Câmara de BH por dois biênios, entre 2011 e 2012 e entre 2013 e 2014. Em janeiro de 2011, ele foi peça principal em uma denúncia sobre gastos de verbas indenizatórias na compra de lanches em um estabelecimento de sua madrasta. Entre 2009 e 2012 ele declarou ter comprado mais de R$ 60 mil em refeições da empresa Trevo Salgados Congelados, que tinha como proprietária a mulher do seu pai.
Em 2021, dez anos depois que o caso veio à tona, o TCE-MG determinou que Burguês devolvesse R$ 126 mil aos cofres públicos por despesas consideradas indevidas com as verbas indenizatórias.
Burguês foi líder da prefeitura de Alexandre Kalil (PSD) entre 2017 e março de 2022, quando Kalil deixou a PBH para se candidatar ao governo de Minas.