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Governo de Minas impõe sigilo de 10 anos a acordo de leniência com construtora

Nesta segunda, Estado firmou segundo acordo de leniência por conta de irregularidades na construção da Cidade Administrativa

Construção da Cidade Administrativa teve irregularidades, assumiu construtora OAS

A Controladoria-Geral do Estado (CGE) impôs um sigilo de 10 anos sobre os anexos do acordo de leniência com a construtora Coesa (antiga OAS), firmado nesta segunda-feira (7). A empresa assumiu ter praticado “atos lesivos” ao estado entre 2008 e 2010, durante período da construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais, sede do Executivo estadual e pagará R$ 42,7 milhões nos próximos 19 anos como forma de compensar o Estado de Minas Gerais pelas fraudes na licitação.

Com o sigilo, alguns detalhes do acordo, como o histórico dos atos lesivos praticados pela OAS durante as obras da Cidade Administrativa e para a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) só serão tornadas públicas em 2032.

Dessa forma, mesmo que a construtora tenha assumido as práticas ilegais, os cidadãos só saberão quais são eles quando terminar o prazo do sigilo.

A prática é a mesma adotada pela CGE no acordo de leniência firmado em agosto do ano passado com uma outra construtora, a Andrade Gutierrez. Nesse caso, no entanto, o montante assumido pela empresa fruto de irregularidades foi maior maior: R$ 128,9 milhões que serão pagos até 2030.

Na ocasião, a Controladoria-Geral do Estado justificou o sigilo para preservar os detalhes costurados no acordo. No caso da OAS, o Governo de Minas demorou dois anos e meio para acertar as bases do tratado e colheu informações que vão servir para avançar na investigação de outros possíveis crimes que por ventura tenham sido cometidos.

Acordo de leniência

O acordo de leniência com a Coesa foi anunciado nesta segunda-feira (7), em uma cerimônia realizada na própria Cidade Administrativa. De acordo com o controlador-geral do Estado, Rodrigo Fontenelle, para a empresa, a vantagem de assinar um acordo como esse é garantir que ela poderá firmar novos contratos com o poder público.

“O interesse, para a empresa, é ter atenuado suas penalidades, principalmente a de ser impedida de contratar com o Poder Público”, esclarece Fontenelle. “Mas tem o nosso ganho, também, além do ressarcimento, que é a alavancagem investigativa. A gente consegue informações que não teria se a empresa não tivesse colaborado”, afirmou.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.