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Tutores de canário-belga devem priorizar o ciclo natural ao planejar o acasalamento

Especialistas recomendam esperar até o primeiro ano de vida para começar o processo

Desde a idade certa até o manejo dos filhotes, tutores devem priorizar o ciclo natural da ave e o foco na saúde e no bem-estar

Canários-belgas são lindos e essa é uma das raças mais apreciadas no Brasil, tanto por criadores quanto por tutores iniciantes, pela beleza, canto e adaptabilidade.

A maturidade sexual do canário-belga ocorre por volta dos cinco a oito meses de idade, mas especialistas recomendam esperar até o primeiro ano de vida para começar o processo de acasalamento.

“Aos 12 meses, o sistema imunológico da ave já está fortalecido, o que reduz os riscos durante o período reprodutivo”, afirma o médico-veterinário Alexandre Rossi, em orientação pública da Petz.

Além da idade, o acasalamento está diretamente ligado ao fotoperíodo, ou seja, à quantidade de luz natural recebida diariamente.

Na natureza, a maioria das aves inicia a reprodução na primavera, quando os dias ficam mais longos. Mesmo em cativeiro, há maneiras de simular esse estímulo com iluminação artificial controlada.

Como identificar que o canário está pronto para acasalar

Com o aumento da luminosidade e a chegada do momento ideal, os canários demonstram mudanças de comportamento.

Os machos passam a cantar com mais frequência e intensidade para atrair as fêmeas. A mudança na anatomia da cloaca também ocorre: ela se torna mais proeminente nos machos durante o período fértil.

Já as fêmeas podem se mostrar mais agitadas, raspar o fundo da gaiola ou arrancar algumas das próprias penas para preparar o ninho.

Durante essa fase, a aproximação deve ser feita com cuidado.

“O ideal é permitir que o macho e a fêmea se vejam e ouçam por alguns dias antes de colocá-los juntos. Se houver agressividade, é melhor separar e tentar novamente depois”, recomenda o criador Fernando Labajos, em vídeo publicado no canal da Cobasi.

Ainda de acordo com o material, os tutores já devem saber o que preparar para esta fase:

  • Use uma gaiola de reprodução espaçosa, com divisória inicial para adaptação do casal;
  • Ofereça um ninho de madeira ou plástico forrado com palha, fibra de coco ou juta;
  • Garanta uma dieta rica em nutrientes, com sementes selecionadas, farinhadas específicas, ovos cozidos e suplementação de cálcio (como cuttlebone);
  • Evite movimentar ou manipular os ovos após a postura, que ocorre com intervalos de 24 horas e pode variar entre três e cinco ovos;
  • A incubação dura em média 13 a 14 dias, e os filhotes deixam o ninho por volta de 18 a 21 dias após o nascimento.

A cartilha Boas Práticas para a Criação de Pássaros, do Ibama, orienta que o ambiente de criação deve ser estável, silencioso e bem iluminado, longe de correntes de ar e estresse excessivo.

“A estabilidade ambiental é fundamental para evitar o estresse das aves, especialmente durante a reprodução e criação dos filhotes”, orientam no material.

A alimentação durante esse período deve ser reforçada. Segundo a zootecnista Tainara Prestes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “as farinhadas com alto teor de proteína e a oferta de ovos cozidos são fundamentais para garantir o crescimento saudável dos filhotes, especialmente nos primeiros 15 dias”.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.