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Adestramento felino fortalece vínculo com tutor e exige técnicas específicas

Prática com reforço positivo é reconhecida por instituições e documentos técnicos que enfatizam a ineficácia do uso de punições

Gatos são animais territoriais e independentes, e por isso respondem melhor ao processo quando são respeitados em seus limites e comportamentos naturais

O adestramento felino, segundo especialistas, fortalece o vínculo entre tutor e animal, combate comportamentos indesejados e melhora o bem-estar geral dos bichanos.

O processo, porém, exige paciência, observação do comportamento natural da espécie e aplicação de técnicas específicas, como o reforço positivo.

Atualmente, aponta o portal da empresa Petz, o adestramento para gatos fundamenta-se no condicionamento operante.

Nele, comportamentos desejáveis são incentivados com recompensas como petiscos, brinquedos ou elogios, e comportamentos indesejados são redirecionados, sem punições físicas ou gritos.

Como explicou o treinador felino José Orlando, em manual recente, “esse reforço positivo é eficaz, constrói confiança e cria um ambiente harmonioso”.

O adestramento de gatos com reforço positivo é reconhecido por instituições como a Associação Brasileira de Medicina Veterinária (ABMV) e documentos técnicos internacionais, que enfatizam a eficácia desses métodos frente ao uso de punições.

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A AAP (American Association of Pet Behavior) recomenda sessões curtas, consistência e reforço imediato como pilares do aprendizado felino. Com isso, evita-se estresse e reforça-se vínculo.

Além disso, a National Academies (NRC) e outros guias comportamentais destacam que os gatos são animais territoriais e independentes, e por isso respondem melhor quando são respeitados em seus limites e comportamentos naturais, como escalar e arranhar.

Estudos comportamentais publicados em revistas como Applied Animal Behaviour Science mostram que gatos treinados com reforço positivo manifestam menos comportamentos estressantes (como vocalizações excessivas ou agressividade) e aprendem comandos com até 80% de sucesso após 20 sessões.

Para um adestramento efetivo e respeitoso:

  • Use reforço positivo de forma imediata ao comportamento desejado;
  • Ofereça sessões curtas e frequentes para manter o interesse;
  • Identifique quais recompensas motivam seu gato, sejam petiscos, brinquedos ou carinho;
  • Redirecione comportamentos indesejados ao invés de punir;
  • Seja consistente nos comandos e no envolvimento de todos na casa.

Aplicações práticas e benefícios no dia‑a‑dia

Diversos comportamentos podem ser ensinados por meio dessas técnicas, como usar a caixa de areia, subir e descer de locais, atender ao nome, parar de arranhar móveis ou aceitar tosa, escovas ou transporte em caixa.

Guias, estudos e outras publicações sobre o comportamento felino recomendam reforçar o uso de arranhadores com petiscos, enquanto desencorajam móveis com fitas adesivas, por exemplo.

Um artigo da Petz reforça ainda que iniciar o adestramento cedo, ainda filhote, facilita a introdução de bons hábitos, principalmente após a adoção, quando a rotina e estrutura familiar ainda estão se estabelecendo.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.