A ansiedade em gatos é uma condição mais comum do que muitos tutores imaginam. E, frequentemente, silenciosa.
Diferente dos cães, que costumam vocalizar ou apresentar comportamentos mais expressivos, os felinos tendem a esconder seus sintomas, o que pode atrasar o diagnóstico e o início do tratamento.
De acordo com o Guia Médico Veterinário do Comportamento Animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), alterações comportamentais como lambedura compulsiva, agressividade repentina e eliminação fora da caixa sanitária podem estar relacionadas a quadros ansiosos.
A médica-veterinária Camila Lousada, especialista em comportamento felino, explica em entrevista ao portal Cibisani que “o estresse pode gerar desequilíbrios hormonais e comprometer a imunidade do animal”.
Por isso, é essencial observar mudanças sutis na rotina e no comportamento do pet, como esconder-se com frequência, vocalizações excessivas, recusa em comer ou alterações no sono.
Mudanças no ambiente são os principais gatilhos
Segundo a Hill’s Pet Nutrition, uma das principais causas da ansiedade em gatos está relacionada à alteração repentina no ambiente.
Isso inclui mudanças de casa, chegada de novos animais ou pessoas, e até mesmo a ausência prolongada do tutor.
Gatos são extremamente sensíveis à quebra da rotina, e a imprevisibilidade pode resultar em níveis elevados de cortisol, o hormônio do estresse.
Outros fatores também contribuem para a ansiedade, como a falta de estímulo físico e mental. De acordo com o portal Portal do Dog, a ausência de enriquecimento ambiental pode levar o animal a desenvolver comportamentos destrutivos ou obsessivos.
Para ajudar na identificação dos sintomas, tutores devem estar atentos a:
- Mudanças no apetite e nos hábitos de higiene;
- Isolamento ou necessidade excessiva de atenção;
- Lambedura compulsiva com falhas de pelo;
- Vocalizações atípicas ou miados altos constantes;
- Agressividade sem motivo aparente.
O que fazer?
O primeiro passo para lidar com a ansiedade felina é oferecer previsibilidade e segurança.
Como destaca a veterinária comportamentalista Rita Ericson, em entrevista ao site Wexlevel, “ter horários fixos para alimentação, brincadeiras e descanso ajuda o gato a se sentir mais seguro e confiante no próprio ambiente”.
Além disso, a criação de espaços seguros, como prateleiras altas, tocas e caixas, permite que o animal tenha refúgios quando se sentir ameaçado.
Brinquedos interativos, caixas com alimentos escondidos, arranhadores e circuitos de prateleiras são formas eficazes de enriquecimento.
Como reforça o Manual de Enriquecimento Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atividades que imitam a caça natural dos gatos mantêm o cérebro ativo e reduzem comportamentos compulsivos.
Caso os sintomas persistam, o ideal é procurar orientação profissional.