Ouvindo...

Otite canina: como identificar antes de se tornarem dolorosas

Cães com orelhas maiores e mais caídas têm menor ventilação, o que favorece a proliferação de microorganismos

Nenhum tipo de secreção ou incômodo no ouvido do animal deve ser tratado de forma caseira, sem avaliação profissional, pois a evolução da doença pode trazer consequências irreversíveis

A famosa otite, a Inflamação no canal auditivo externo, é uma das doenças mais comuns em cães. Além de provocar dor e desconforto, pode gerar complicações sérias se não for tratada a tempo.

Ela ocorre quando o canal auditivo do cão sofre inflamação, geralmente associada a umidade, acúmulo de cera, presença de fungos ou bactérias. Também pode ser consequência de alergias, parasitas, corpos estranhos e até da anatomia da orelha, principalmente em raças de orelhas longas e caídas.

De acordo com a médica-veterinária Ana Rita de Cássia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), “a predisposição anatômica é um fator importante, pois cães com orelhas pendulares apresentam menor ventilação, o que favorece a proliferação de micro-organismos”.

A especialista destaca ainda que a otite é uma das principais causas de atendimento em clínicas de pequenos animais.

Segundo a Virbac Brasil, laboratório de saúde animal, “as otites são problemas recorrentes, dolorosos e que devem ser tratados com atenção. Se não identificadas cedo, podem evoluir e comprometer a audição e o bem-estar do pet”.

Leia também

Sintomas e formas de prevenção

O tutor pode perceber a otite externa a partir de sinais claros: o cão passa a coçar muito a região das orelhas, sacudir a cabeça com frequência, apresentar mau cheiro e secreção no ouvido. Em quadros mais avançados, pode haver perda de equilíbrio e até surdez parcial.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reforça que “nenhum tipo de secreção ou incômodo no ouvido do animal deve ser tratado de forma caseira, sem avaliação profissional, pois a evolução da doença pode trazer consequências irreversíveis”.

Para reduzir os riscos, os tutores devem adotar cuidados básicos de higiene e atenção no dia a dia:

  • Manter as orelhas sempre secas, principalmente após banhos ou mergulhos;
  • Evitar o uso de cotonetes ou objetos dentro do canal auditivo;
  • Utilizar apenas produtos de limpeza indicados por veterinários;
  • Observar sinais de secreção, mau odor ou coceira;
  • Procurar atendimento veterinário ao primeiro sinal de alteração.

Tratamento e acompanhamento

O diagnóstico da otite é realizado em consulta veterinária, muitas vezes com exame de otoscopia e análise da secreção. O tratamento varia de acordo com a causa e pode incluir medicamentos tópicos, antibióticos, antifúngicos e limpeza do ouvido com soluções específicas.

“Quando tratada precocemente, a otite externa tem prognóstico favorável. O problema está nos casos recorrentes, que podem exigir tratamentos prolongados e acompanhamento regular”, diz a Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária em nota técnica.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.