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Conheça os erros mais comuns em aquários redondos e saiba como evitá-los

Especialistas alertam para os riscos e orientam boas práticas para manter o bem-estar dos animais

A escolha do recipiente deve considerar não apenas a decoração, mas o respeito às necessidades biológicas dos animais.

Embora tenham forte apelo estético, os aquários redondos oferecem condições desfavoráveis à saúde dos peixes. A falta de oxigenação, a filtragem ineficiente e a tendência à superlotação são fatores que comprometem a vida aquática.

O formato arredondado, muito presente em versões pequenas de vidro, limita a área de contato da água com o ar e, consequentemente, reduz a oxigenação disponível. Isso torna a respiração dos peixes mais difícil e aumenta a chance de acúmulo de toxinas.

Segundo a Associação Brasileira de Aquariofilia (ABA), os problemas não se restringem à estética. “O aquário esférico é inadequado porque compromete a troca gasosa e não oferece espaço suficiente para a natação natural dos peixes. Além disso, sua estrutura dificulta a instalação de filtros eficientes”, afirma a entidade.

Outro ponto de alerta é a superlotação. Por serem menores, os aquários arredondados induzem muitos iniciantes a colocar vários peixes em um espaço reduzido, o que aumenta a produção de resíduos e o risco de doenças.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) também já se manifestou sobre o tema. Em nota técnica, o órgão destaca que o bem-estar animal inclui espaço adequado, qualidade da água e estímulos compatíveis com a espécie:

“Manter peixes em recipientes pequenos e mal oxigenados fere os princípios básicos de manejo responsável”, reforça o conselho.

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Principais erros e como corrigi-los

O tutor que deseja manter um aquário saudável precisa conhecer as limitações do formato arredondado e adotar cuidados extras para reduzir os impactos. Entre os erros mais frequentes, destacam-se:

  • Falta de oxigenação: a área de contato com o ar é pequena.
  • Solução: usar bombas de ar e escolher espécies de pequeno porte que tolerem ambientes restritos.
  • Filtragem inadequada: filtros convencionais muitas vezes não se adaptam ao formato redondo.
  • Solução: optar por equipamentos específicos de baixa vazão ou investir em aquários retangulares, que permitem maior eficiência.
  • Superlotação: excesso de peixes eleva o acúmulo de amônia e nitrito.
  • Solução: respeitar a proporção de um litro de água por centímetro de peixe, como orienta a ABA.
  • Decoração excessiva: os ornamentos reduzem ainda mais o espaço de nado. Solução: priorizar ambientes simples, que permitam a circulação de água.
  • Manutenção irregular: trocas de água esporádicas favorecem o desequilíbrio químico.
  • Solução: realizar trocas semanais de 20 a 30% da água, sempre com condicionadores adequados.

Modelos retangulares, mesmo pequenos, oferecem condições mais estáveis, permitem maior oxigenação e facilitam o uso de filtros e aquecedores.

A escolha do recipiente deve considerar não apenas a decoração, mas o respeito às necessidades biológicas dos animais.

Como resume a ABA, “o aquarismo responsável começa pela consciência de que o peixe é um ser vivo, não um objeto decorativo”.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.